A União Africana está a condenar os relatos de “maus tratos” e “tratamento desigual” que estão a ser reportados na fronteira da Ucrânia, em que os cidadãos africanos que se encontram naquele país, invadido pela Rússia, estão a ser impedidos de passarem a fronteira, fugindo da guerra, em busca de segurança. Muitos são estudantes.
Num comunicado conjunto do presidente da União Africana, Macky Sal e de Moussa FakiMahamat, presidente da Comissão da União Africana, a que o A NAÇÃO teve acesso, esse organismo diz estar a seguir “de perto” os desenvolvimentos da situação na Ucrânia e,particularmente, os relatos da situação de “maus tratos” pela qual estão a passar os emigrantes africanos, que estão a ser impedidos de passar a fronteira da Ucrânia, para ficarem em segurança.
“Todas as pessoas têm o direito de passar as fronteiras internacionais durante conflitos, e, como tal,devem gozar dos mesmos direitos para atravessar, em segurança, do conflito da Ucrânia, independentemente da sua nacionalidade ou identidade racial”. A União Africana alerta que os relatos de que os africanos estão a ter tratamento “desigual” na fronteira são “inaceitáveis”,“chocantemente racistas” e “violam o direito internacional”.
Por isso, exortam todos os países a respeitarem o direito internacional e a mostrar “a mesma empatia” e “apoio”a todas as pessoas que estão a “fugir” da guerra, “independentemente da sua raça”.
Esse organismo elogia, contudo, os “esforços dos países membros da União Africana e das suas embaixadas, nos países vizinhos à Ucrânia, para receber e orientar os cidadãos africanos e suas famílias que tentam atravessar a fronteira da Ucrânia, em segurança”.
Mais de 660 mil refugiados
Recorde-se que nos últimos dias têm vindo a público várias imagens e vídeos, nas redes sociais, de africanos que estão a sofrer discriminação para conseguirem sair da Ucrânia, tanto por parte das forças armadas da Ucrânia quanto da Polônia, fronteira que pretendem atravessar. Muitos são estudantes.
Citada pelo site Forum, a correspondente da BBC, Stephanie Hegarty, partilhou o relato de uma estudante de medicina nigeriana que estava na fronteira entre a Polônia e a Ucrânia. “Ela me disse que está esperando há 7 horas para atravessar. Ela diz que os guardas de fronteira estão parando os negros e mandando-os para o final da fila, dizendo que eles têm que deixar os ‘ucranianos’ atravessarem primeiro”.
A jornalista afirma ainda que as forças polonesas negam a discriminação: “O porta-voz da força de fronteira polonesa me disse que a Polônia está permitindo que qualquer pessoa que chegue à fronteira da Ucrânia entre na Polônia”.
A invasão da Rússia à Ucrânia está a gerar ondas de indignação em várias partes do mundo, com alguns países a avançarem com sanções à Rússia e ao seu presidente Vladimir Putin, numa altura em que a Rússia tem intensificado os ataques, em várias frentes.
A invasão da Rússia à Ucrânia, que começou no passado dia 24 de Fevereiro, já causou mais de 660 mil refugiados, indicou esta terça-feira o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). O mesmo, citado pela TVI24 alertou que os números estão a aumentar de forma “exponencial”.
“Temos agora mais de 660 mil refugiados que fugiram da Ucrânia para países vizinhos nos últimos seis dias”, referiu a porta-voz do ACNUR, Shabia Mantoo, num encontro com a imprensa em Genebra.