O deputado, e presidente da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID), António Monteiro, acusou hoje a comunicação social de ter deturpado a sua declaração na avaliação dos 100 dias de mandato do Presidente da República, José Maria Neves. Segundo disse, enquanto presidente do partido, voltaria a tomar esta mesma decisão.
António Monteiro, que fazia uma declaração política no Parlamento, explicou que em causa está a publicação, por alguns órgãos de comunicação social, de notícias que davam conta que ele, enquanto presidente da UCID, teria afirmado que o partido se enganou e está arrependido de apoiar a candidatura de Carlos Veiga nas últimas eleições presidenciais.
“Nós, a UCID, afirmamos, através da minha voz, que consideramos que os 100 primeiros dias da Presidência de José Maria Neves foi e é muito boa. E disse também que o Presidente se mostra como um homem de Estado, e que a continuar como está agora, até ao fim do mandato, irá demonstrar que a UCID teve uma avaliação errada quando considerou que ele seria motivo de instabilidade política”, esclareceu.
“Não entendo como é que alguns elementos da comunicação social pegam da palavra do presidente da UCID deturpam e dizem que a UCID afirma que se enganou e está arrependida de ter apoiado a candidatura de Carlos Veiga”, acrescentou.
António Monteiro sublinhou que é “falso” e que a UCID não se arrepende de ter apoiado a candidatura de Carlos Veiga, porque foi uma “decisão democrática” da comissão política do partido e reafirmou que, enquanto presidente do partido, voltaria a tomar esta mesma decisão.
“Voltaria a tomar esta mesma decisão porque, para além da instabilidade, que foi um dos motivos do apoio à candidatura do Dr. Carlos Veiga, havia mais duas situações que são a regionalização do país e a questão da justiça que consideramos que, provavelmente, poderia ser bom com o Dr. Carlos Veiga”, sustentou.
António Monteiro explicou que usou o parlamento para fazer essa “denúncia” porque não é primeira vez que situações similares acontecem, acabando por manchar o bom nome da pessoa e da instituição.
“É uma matéria que devia ser dada uma conferência de imprensa para clarificar a situação, mas como não é primeira vez que isso acontece, a deturpação daquilo que os políticos dizem, quis utilizar esse púlpito para clarificar essa situação e pedir a toda comunicação social, para termos em atenção aquilo que dizem os políticos e não retiramos parte daquilo que pensamos ser benéfico para nós, mas que acaba por atingir o bom nome do cidadão ou o bom nome da instituição”, frisou.
O democrata-cristão sustentou que esta é uma tarefa que todos devem abraçar para evitar o aumento da crispação política e ter a tranquilidade e a paz no país, e, consequentemente, trabalhar, cada um com a sua forma, com os seus valores e princípios, na defesa dos interesses de Cabo Verde e na garantia da estabilidade social e política.
“Essa é a mensagem que a UCID deixa para reflectirmos e fazer também uma chamada de atenção aos jornalistas para ouvirmos as fontes e antes de fazermos pronunciamentos termos a certeza daquilo que estamos a fazer, porque, caso contrário não estaremos a servir o país e estaremos a criar grandes dificuldade a nós mesmo e ao país”, disse.
A declaração política da UCID suscitou um curto debate sobre o jornalismo em Cabo Verde, com os sujeitos parlamentares a realçar o “bom e o mau” jornalismo que se faz em Cabo Verde e a reconhecerem a necessidade de uma reflexão à volta do assunto.
C/ Inforpress