O kitesurfista internacional cabo-verdiano Matchú Lopes pôs o dedo na ferida e fala abertamente daquilo que todos veem nas ilhas mais turísticas do país, mas que poucos têm coragem de admitir publicamente. O atleta diz estar preocupado com a prostituição e uso de drogas associados ao turismo nas ilhas do Sal e da Boa Vista.
“Eu estou em pânico…Penso que existe muita falta de comunicação, e acho que há uma necessidade destas coisas serem debatidas nas escolas, de modo que deixe de ser um tabu para poderem ser discutidas em casa”, observou o windsurfista.
Matchú está de férias na ilha do Sal, onde prepara-se para o Mundial de kitesurf de junho em Espanha e aproveitou para lamentar a situação dos jovens das ilhas turísticas. Este atleta lamentou que os jovens tenham estado a enveredar pela vida noturna, alegando que estes comportamentos já têm reflexos na propagação de casos de VIH-Sida, pelo que pede mais investimentos para os jovens.
“Estamos numa ilha tão pequenina, uma ilha tão incrível, tão espectacular… vejo tantas coisas que poderiam ser melhoradas. Às vezes, paro para pensar…o interesse é só construir infra-estruturas hoteleiras? É só para turistas, ganhar dinheiro, construir casas?”, objectou Lopes.
Mais infraestruturas para jovens
Lopes reclama a falta de infraestruturas que motivem os jovens como o Parque de Skate, quando, atestou, a prática do uso do álcool está a tornar-se um factor cultural, essencialmente no seio da nova geração.
Nascido e criado na ilha do Sal, onde descobriu o kitesurf na adolescência, depois de praticar o bodyboard, skinboard, surf e windsurf, na praia de Kite e Ponta Preta, até se tornar campeão do mundo, este especialista dos desportos náuticos é de opinião que apesar da baixa prevalência do VIH em Cabo Verde, nota-se atitudes de riscos e alguma irresponsabilidade na ilha.
Actualmente a ocupar o quarto lugar no ranking Mundial, Matchú Lopes sagrou-se campeão do Mundo em 2006 e divide o ano em treinos, competições ao mais alto nível e actividades promocionais.
C/ Inforpress