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Opinião

Olhares de Lisboa: Flashes

Por: Filinto Elísio

Todos os anos, neste Dia Internacional da Língua Materna, repete-se que a UNESCO considera as línguas maternas como elementos essenciais para sociedades sustentáveis em todo o mundo e, entre nós, reafirma-se a importância de valorizar a Língua Crioula e de criar as condições para a sua oficialização, como aliás reza o Artigo 9°, da Constituição da República, que vai fazer 30 anos. Há palestras, colóquios e manifestações de boa-vontade; como há anunciados, comunicados e enunciados. 

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Todavia, o que nos falta? Esperar que o processo histórico-linguístico, tão cultural quão político, se descambe em processo histérico? Continuamos a perder oportunidades legislativas, a não ter a inteligência e a coragem políticas do Rei D. Diniz, no século XV, ao oficializar a Língua Portuguesa, também hoje língua nossa e oficial. O que nos falta para consolidar o Bilinguismo Cabo-verdiano? Paxenxa pa falta ki ata faze-nu un D. Diniz pa nos Lingua Kabuverdianu!

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A paz podre, a guerra gélida e os donos do mundo (e do arsenal destruidor do planeta), tudo a gozar connosco. Nem o mais sadomasoquista das tragédias gregas e as mais cabeludas tramas de Shakespeare imaginaram o Harmagedon tão perto de poder acontecer ou o quinto dos infernos a dar de dez àquele assaz mais eloquente, de Dante. 

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Não é só a economia, mas a possível invasão da Ucrânia, estúpido. Acrescentaria a velha brincadeira de brincar com o fogo e de jogar água “de fergadura” numa fervura de merda. Coisa escatológica, que os imbecis comentam, em modo talk-show televisivo, de geoestratégica.

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Sobre o Dia Internacional da Língua Materna, irmãos, amigos e companheiros – se quiserem, compatriotas, cabo-verdianas e cabo-verdianos, para dar ares institucionais -, é o povo quem mais ordena; não continuemos, qual navio encalhado, nesse mar de estranha calmaria. Viagem, minha gente, por outros mares transitórios da dignidade!

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