À língua materna cabo-verdiana não lhe é atribuído o seu devido valor e não há uma definição de política linguística no país, defendeu a linguista Ana Karina Moreira, para quem a introdução da língua cabo-verdiana no ensino é de suma importância para a sua valorização.
Em declarações à Inforpress, Ana Karina Moreira reiterou a importância da oficialização e da introdução da língua cabo-verdiana no ensino, para que haja uma maior valorização “da nossa língua materna”.
É também neste sentido que foi lançado, no ano passado, uma petição para a mudança da política linguística em Cabo Verde e que está a ser socializada com a classe política.
De acordo com Karina Moreira, não há definição de política linguística no país, à língua materna não é atribuído o seu devido valor, conforme determina a Constituição da República.
Por isso, avançou, os promotores da petição cogitam que a língua materna deve ser elevada ao mesmo estatuto da língua portuguesa, ou seja, que seja oficializada.
“A nossa língua materna deve ser promovida de uma outra forma, atribuindo a ela a sua dignidade enquanto língua do povo cabo-verdiano”, sustentou.
Oficialização – primeiro passo
Para isso, reafirmou, o primeiro passo é oficializar o crioulo cabo-verdiano porque só assim serão reunidas todas as condições para que sejam dados outros passos, nomeadamente, estabelecer outras normas para o idioma, bem como trabalhar para a sua padronização.
Até porque, lembrou, ela tem de constar oficialmente para que possa ser orçamentada e atribuída uma verba para, posteriormente, iniciar os outros trabalhos e a sua divulgação.
Segundo essa docente da Universidade de Cabo Verde, na petição foi ainda solicitada a promoção do ensino da língua materna, que não tem, necessariamente, que aguardar pela oficialização.
“Porque já se teve uma experiência piloto que depois foi parada, mas é uma coisa que pode ser retomada. E neste momento estamos contentes pois foi anunciada a disciplina para o 10º ano e pensamos que devemos começar pela oficialização, educação e divulgação para que a língua seja reconhecida dentro e fora do País”, salientou.
O Dia Mundial da Língua Materna é uma comemoração anual realizada para promover a conscientização sobre a diversidade linguística e cultural e para promover o multilinguismo.
Esse dia faz parte também de uma iniciativa mais ampla para promover a preservação e protecção de todas as línguas usadas pelos povos do mundo”, conforme adoptado pela Assembleia Geral da ONU em 16 de Maio de 2007.
C/ Inforpress