Médicos especialistas cabo-verdianos reconheceram hoje a importância da comunicação social na difusão de informações relativas à prevenção e combate ao cancro, e defenderam a especialização dos jornalistas, para uma melhor abordagem das matérias ligadas a essa doença.
Sidónio Monteiro e José da Rosa, ambos da Associação de Luta Contra o Cancro, fizeram estas declarações à imprensa, à margem da conversa aberta sobre a “Abordagem do cancro em Cabo Verde”, realizada hoje na capital, na sede da AJOC, numa iniciativa de um grupo de mulheres sobreviventes da doença, do portal Balai.cv e da referida associação sindical.
Sidónio Monteiro reconheceu que as pessoas temem receber a informação de que foram diagnosticadas com cancro, em qualquer parte do organismo, mas reafirmou que o facto de serem diagnosticadas com a doença não significa uma sentença de morte.
“Pelo contrário, significa o início de um tratamento e uma mudança de atitude para uma vida diferente, que até pode ser melhor se for encarada de forma positiva”, esclareceu.
O mesmo alertou para a importância de se ter o diagnóstico precoce de um cancro, porque a probabilidade de ser tratado é “maior”.
Nesse contexto, destacou a “importância extraordinária” da comunicação social, sobretudo no que diz respeito à educação, à informação e à mudança de atitude. Contudo, advertiu que as informações devem chegar de forma correta ao público, visto que se tem deparado com muitas fake news, sobretudo nas redes sociais.
Acesso às fontes
Já a jornalista da Rádio de Cabo Verde (RCV) Carmelita do Rosário alertou para um problema que afecta muitas vezes o trabalho dos jornalistas, que “não têm acesso às fontes”.
Instado como se pode trabalhar junto das instituições de saúde e os hospitais, no sentido de facilitar aos jornalistas o acesso às informações, para que possam realizar o seu trabalho, Sidónio Monteiro respondeu nestes termos.
“Eu vejo esta questão em dois aspectos: primeiro, é o jornalista querer informação sobre o cancro, as formas de prevenção, segundo é quando se trata de casos concretos, em que muitas vezes há pedido de informação que visam o segredo profissional, a vida privada das pessoas, acho que é normal que haja alguma falta de informação”, sublinhou.
Dificuldades dos profissionais de saúde
Outra questão, segundo o mesmo, tem que ver com os problemas e dificuldades por que passam os profissionais de saúde no local de trabalho, o que nem sempre é tido em conta quando se faz uma matéria que implique os mesmos.
“Muitas vezes, o médico ou qualquer outro profissional de saúde quer fazer determinadas coisas e não consegue porque não tem as melhores condições de trabalho. Aqui é preciso ver se são apenas por dificuldades do próprio país, inerentes à nossa condição de país não desenvolvido, mas outras podem ser derivadas de negligências ou de outras coisas, pelo que pensamos que devem ser feitas as denúncias necessárias”, defendeu.
Por sua vez, o médico José da Rosa sugeriu que a classe jornalística proponha a realização de formações, especialização, mesmo que sejam por um período curto de tempo, sobre determinadas áreas, mormente as da saúde.
“Outra sugestão é que os jornalistas se dediquem por si próprios a determinadas áreas, não é preciso que haja uma formação específica, nós em Medicina nos dedicamos a várias áreas por nós mesmos. Hoje a internet dá-nos imensas possibilidades de nos aprofundarmos em diversas áreas”, propôs.
C/Inforpress