A Fundação Humana, constituída em 2020, está à procura de financiamento para construir um Centro de Tratamento e Investigação de Doenças Paliativas na ilha de Santiago. “Muitas pessoas não têm acompanhamento quando estão numa fase terminal porque os hospitais devolvem os doentes às famílias e nós queremos auxiliar os doentes a enfrentarem a situação”, argumentou Cláudia Semedo, presidente dessa entidade privada.
Com o número de doenças crónicas a aumentar constantemente, muitas delas incapacitantes e terminais, a Fundação Humana pretende “aliviar a dor” de doentes paliativos no país e proporcionar aconchego no acompanhamento médico.
À procura de financiamento
Para materializar este objectivo, a Fundação Humana procura financiadores para este projecto que considera fundamental para a melhoria de vida dos doentes terminais.
Já com um terreno disponível na zona de Trindade, Município da Praia, e um projecto arquitectónico elaborado, esta fundação considera que as contribuições para a construção do centro de tratamento é importante tendo em conta que muitas famílias ainda não sabem lidar com os doentes terminais, além de enfrentarem carências a nível da habitação e de cuidados de saúde.
“Área muito delicada”
“É uma área muito delicada e nós, da Fundação Humana, queremos acolher, tratar e investigar as doenças crónicas e paliativas”, começa por explicar ao A NAÇÃO Cláudia Semedo, presidente daquela entidade privada.
“Muitas pessoas não têm acompanhamento quando estão numa fase terminal porque os hospitais devolvem os doentes às famílias e nós queremos auxiliar os doentes a enfrentarem a situação. No entanto, falta um esqueleto financeiro para implementar o centro”.
Centro acolherá cinquenta doentes
O centro prevê o acolhimento de cinquenta doentes e assistência domiciliar a um custo reduzido, através de uma equipa multiprofissional e espera-se que seja realidade em dois anos, caso haja financiamentos.
Além deste objectivo, que é a sua principal missão, a fundação tem também actuado em outras áreas como na distribuição de kits de higiene às meninas e recolha de aparelhos de medição de tensão arterial.
Mais recentemente, promoveu acções de capacitação de diversos profissionais em suporte básico de vida e desfibrilação automática.
Bombeiros: mais do que transportar de vítimas
Na última formação, o especialista português Carlos Gonçalves esteve em Cabo Verde a formar bombeiros, professores e diversas outras pessoas em desfibrilação automática e reanimação cardíaca imediata, tendo em conta o aumento de doenças cardiovasculares em todo o mundo, causando mortes súbitas.
Falta de aparelhos desfibriladores
Esse profissional português constatou algumas carências em Cabo Verde no suporte básico de vida como a falta de aparelhos desfibriladores e ausência de formações.
“A nível dos bombeiros não há formações de forma regular e nem equipamentos para reanimar as pessoas. O país deve formar os bombeiros e não só para que não sejam apenas transportadores de vítimas”, pontua Carlos Gonçalves que destaca a importância da desfibrilação automática na triplicação das chances de sobrevivência em caso de paragem cardiorrespiratória.
Necessidade do envolvimento do Governo
É neste sentido que a Fundação Humana pede também o envolvimento do Governo no sentido de expandir o uso e as formações em desfibrilação automática pelo país.
“O Governo deve associar-se a esta causa e levar o ensino para as escolas, empresas e para o setor turístico, além de vender segurança aos turistas que visitam o país e os hotéis em caso de paragem cardiovascular”, sugere Carlos Gonçalves.
A proposta é que se tenha um desfibrilador nos lugares públicos, como escolas, restaurantes, hotéis e ter pessoas preparadas para atuarem em caso de paragem cardiorrespiratória.
Entretanto, Cabo Verde começa a dar os primeiros passos com a massificação de formações ministradas pela Fundação Humana em Santiago, tendo a ambição de alargar para outras ilhas, caso houver apoios.
O que é um aparelhos desfibrilador automático?
O desfibrilador automático é um aparelho electrónico portátil que tem como função descarregar cargas elétricas na parede torácica de um paciente com arritmia cardíaca e paragem cardiorrespiratória, evitando a perda e danos nas funções cardíacas e cerebrais.
Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 754, de 10 de Fevereiro de 2022