Por: José Pereira Miranda
Sou José Pereira Miranda, um cidadão atento aos acontecimentos ligados ao desenvolvimento destes «dez grãozinhos de terra», o nosso lindo e querido Cabo Verde, incluindo prodígios e avanços, mas também aos que, de um modo ou de outro, «entravam ou pelo menos, ameaçam» o desenvolvimento de alguns cidadãos e cidadãs que lutam, profissionalmente, para manter o progresso comum do País.
Tenho a honra de manifestar a minha grande satisfação pelas boas realizações que se verificam nestes últimos tempos, destacando os encontros programados pelo Senhor Primeiro Ministro com os presidentes dos partidos políticos, doravante de três em três meses; a viagem do Senhor Presidente da República à Angola, acompanhado dos representantes/porta-vozes de partidos políticos; a forma suave e inteligente de lançar os programas da luta contra as pandemias que assolam o nosso Pais; e, as boas manifestações que se fazem pela comunicação social, a favor dos agentes da Saúde. São realizações otimistas e necessárias, capazes de provocar grandes e sábios entendimentos entre os governantes da Nação, estando ou não no poder. Na minha opinião, para realização de progressos no País, em vez de se estar a procurar expressões desagradáveis para arremessar aos opositores, deve-se arranjar expressões e ações progressistas que levem à união, para a coesão social, e não à divisão que conduza à debilidade. Essas realizações mostram um grande sinal de esperança para a união dos partidos no Parlamento caboverdiano. Por outro lado, sempre que se enalteça alguém por ter trabalhado bem, está-se a estimá-lo a trabalhar cada vez mais e melhor.
Porém, manifesto também o meu desagrado, por algumas coisas que, na minha opinião, mereçam uma melhor atenção para certos membros do pessoal de Saúde que marcham resignadamente nos desempenhos das suas funções, sem voz, sem proteção nem promoção, com deveres e obrigatoriedade e sem direito nem solidariedade. Seria um passo bem dado para a consolidação da democracia no País segundo foi grandemente falado neste 13 de Janeiro nos discursos políticos, se houvesse a igualdade da oportunidade entre os profissionais do Ministério de Saúde, se certos funcionários não fossem tratados «como burro que o seu dono lhe põe as cargas segundo as necessidades, a fim de poupar viagens, e na manjedoura apenas lhe deita as palhas porque o milho e outras rações são para os cavalos». Na minha opinião, se eles merecem louvores no cumprimento dos deveres, também devem merecer direitos de mudanças na carreira e nos vencimentos.
É necessário que os superiores se lembrem que para trabalhos iguais deve haver salários iguais desde que os trabalhadores apresentem iguais condições para isso e façam trabalhos com garantia na quantidade e na qualidade. Ao contrário não há justiça, e se não há justiça a democracia é fraudada.
Muito obrigado.
Cidade de Assomada, 13 de janeiro de 2022.
Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 751, de 20 de Janeiro de 2022