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Desporto

Zilena Pires, atleta paralímpica: “Não há limites para fazer o que gostamos”

Natural de São Filipe, ilha do Fogo, Zilena Pires, 23 anos, é uma jovem atleta com deficiência física. É apaixonada por duas modalidades desportivas: corrida de velocidade e lançamento de peso. Já sonha em participar em competições internacionais.

Aos 18 anos, Zilena Pires começou a correr e depois descobriu a paixão pelo lançamento de peso. Derrubando esteriótipos, já que deficiente física, já participou em várias competições e actividades desportivas a nível nacional e sonha, um dia, representar Cabo Verde no exterior.

“Um dia recebi o convite do meu professor, Pedro Pires, para uma actividade feita com a participação de várias outras pessoas com deficiência. A princípio fiquei com muito receio, porque nunca tinha corrido na vida. Feito o teste, nunca mais parei de praticar estas duas modalidades, corrida de velocidade e lançamento de peso”.

Convívio com outros atletas paralímpicos
Fora isso, o facto de poder conviver com outros praticantes do Comité Paralímpico de Cabo Verde, é uma outra razão que tem contribuído para o seu desenvolvimento pessoal e desportivo.

“O meu professor sempre motivou-me, dizendo que não precisava ter medo e, com o tempo, fui convivendo com outros atletas paralímpicos. Isso deu-me mais vontade de praticar o desporto sem vergonha nenhuma, então percebi que não há limites para fazer o que gostamos”, frisa a jovem atleta.

“Tem sido muito bom, porque estou a conhecer muitas pessoas diferentes, mas com um amor pela prática desportiva semelhante à minha”, acrescenta.

Zilena Pires ambiciona correr em pistas de diversas partes do mundo e assegura que agora não carrega consigo nenhum preconceito por ser uma pessoa com deficiência a participar nas actividades desportivas.

Por outro lado, esta jovem aponta como factor positivo e estimulante, o facto de a prática de actividade física e desportiva ter vindo a aumentar cada vez mais por toda parte, principalmente as praticadas por pessoas com deficiência física, que também almejam atingir as pistas dos jogos paralímpicos como um sonho a realizar no futuro.

Desporto em Cabo Verde para pessoas com deficiência
Em Cabo Verde os atletas portadores de deficiência participam em actividades desportivas através do Comité Paralímpico que tem por missão a promoção e o desenvolvimento do desporto de modo a torná-lo acessível à inclusão social e à participação das pessoas com deficiência, orientadas por valores como a inclusão, igualdade, liberdade e respeito pelos direitos humanos.

Cabo Verde participou, pela primeira vez, nos Jogos Paralímpicos em 2004, Atenas (Grécia), com dois representantes no atletismo e um no levantamento de peso básico.

Nos Paralímpicos de Verão de 2008, em Pequim, esteve presente a atleta Artemiza Gomes, para competir no lançamento do peso, disco e dardo.

Posteriormente, em 2012, o país foi representado em Londres (Inglaterra) por Márcio Fernandes nos 100 e 200 metros na classe T44 e no lançamento do dardo na classe F44.

Mais recentemente, nos Jogos Paralímpicos de 2020, em Tóquio (Japão), Cabo Verde esteve presente com os atletas Marilson Semedo e Keula Semedo.

Maria Scutti: italiana com 15 medalhas nos Paralímpicos de Roma
A primeira edição dos Jogos Paralímpicos aconteceu em Roma, em 1960, com 23 nações representadas por 400 paratletas em oito modalidades exclusivas para atletas com lesão medular. Entre essas modalidades estava o atletismo, porém, apenas com provas de lançamentos e arremessos.

Dez países foram representados, naquele edição, por 21 homens e dez mulheres, onde foram entregues 25 medalhas de ouro, das quais 12 conquistadas pelos italianos.

Apesar da superioridade numérica dos homens no evento, quem fez história foi a italiana Maria Scutti, que, das 12 medalhas de ouro conquistadas pela Itália, obteve nove, além de dois bronzes.

No mesmo evento Scutti competiu também na natação, conquistando uma medalha de ouro e uma de prata. Como se não bastasse, ela também disputou os jogos nas modalidades esgrima e ténis de mesa, conquistando a medalha de prata em ambas.

Maria Scutti deixou, assim, o seu nome marcado nos Jogos Paralímpicos de Roma, conquistando 15 medalhas em quatro modalidades esportivas diferentes.

Por: Tiana Silva

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 753, de 03 de Fevereiro de 2022

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