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Sociedade

Associação dos Militares na Reserva e na Reforma acusa ministra de “completo desrespeito” pelo percurso das FA

A Associação dos Militares na Reserva e na Reforma (AMIRR) acusou a ministra da Defesa, Janine Lélis, de desrespeitar o percurso das Forças Armadas e de insinuar que, antes do pluripartidarismo, não estavam ao serviço de Cabo Verde, mas sim de outros interesses. A associação diz se opor veementemente à utilização das Forças Armadas como arena de disputas político-ideológicas e convida a governante a retirar as suas palavras. 

Esta é mais uma reação às declarações da ministra, no âmbito das comemorações do dia das Forças Armadas, a 15 de Janeiro último, quando Janine Lélis disse que “foi com o advento da democracia em 1991 e com a Constituição da República de 1992 que elas, as Forças Armadas de Cabo Verde, passaram a estar ao serviço da nação cabo-verdiana”.

Sublinhando que a missão principal das Forças Armadas de defesa militar do país, consagrada na Constituição da República, não se alterou desde a proclamação da independência a esta parte, a associação entende que a ministra “pretendeu transmitir ao país a mensagem de que antes do advento do pluripartidarismo as Forças Armadas não estiveram ao serviço da nação cabo-verdiana e ao seu país”.

Os militares na reserva e na reforma consideram, por isso, que a governantes vilipendiou as FA, ao acusá-las de terem sido, antes, uma instituição antipatriótica e terem servido interesses estranhos à nação cabo-verdiana e contrários às missões propugnadas na lei de defesa da soberania nacional e de garantia da integridade territorial.

“A Sra. Ministra da Defesa Nacional evidenciou um completo desrespeito pelo percurso das Forças Armadas nacionais desde a sua criação até ao advento da democracia, percurso apreciado pelos cidadãos e enaltecido por quantos até agora haviam exercido o cargo de Ministro da Defesa Nacional, cargo de que agora se serviu a actual titular para as vilipendiar”, acusou a associação.

Indiferença

A mesma diz entender que, em linha com as correntes mais radicais, a cidadã Janine Lélis possa pensar que as Forças Armadas ou quaisquer outras instituições públicas só passaram a estar ao serviço de Cabo Verde após as eleições de 13 de Janeiro de 1991.

Neste mesmo quadro, refere, também se tem ouvido opiniões contrárias à comemoração do 15 de Janeiro como o Dia das Forças Armadas e assistido à indiferença de determinados sectores e até de instituições públicas, face à comemoração do Dia da Independência Nacional e de outras datas históricas.

No entanto, contrapõe, se é natural que os cidadãos manifestem as suas opiniões contrárias, designadamente à comemoração desta ou daquela data histórica e se admitir que essas opiniões possam beliscar instituições e pessoas, “é absolutamente inaceitável e a todos os títulos reprovável que um Ministro ou Ministra da Defesa Nacional, numa cerimónia pública, a convite da instituição castrense e em representação do Governo veicule mensagens que conspurquem as Forças Armadas e ponham em causa a honorabilidade daqueles que nelas serviram ou ainda servem com denodo e patriotismo”.

“A AMIRR vê-se obrigada a opor-se veementemente à utilização das Forças Armadas pela Ministra da Defesa Nacional como arena de disputas político-ideológicas”, posicionou-se, mostrando ainda “repúdio pela vergonhosa qualificação” feita das FA até 13 de janeiro de 1991.

A mesma convida a ministra a retirar as suas palavras ofensivas às Forças Armadas e a retractar-se publicamente por “essa afronta” infligida à instituição e aos seus integrantes e exorta igualmente o Governo a se demarcar das “palavras injuriosas” proferidas por Janine Lelis.

De recordar que a primeira reação a repudiar as palavras da ministra foi de um grupo de 11 comandantes das FA, entre os quais Pedro Pires.

Após um comunicado que acusava a ministra de tentar reescrever a história das FA de forma ligeira e imprudente, a ministra emitiu um comunicado, onde explicou que a referência aos 30 anos das FA foi para sinalizar a mudança de missão, a partir de 1992, quando se aprovou a Constituição da República, porque, conforme disse, nesta data as Forças Armadas passaram a assumir o papel que ainda hoje têm.

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