A Associação dos Jornalistas de Cabo Verde lança um “pedido internacional de socorro”, ao denunciar ataques à liberdade de imprensa pela justiça cabo-verdiana.
Em conferência de imprensa, realizada na sua sede no platô, esta quinta-feira, o presidente da Associação Sindical dos Jornalistas de Cabo Verde (AJOC), avançou que “perante um verdadeiro ataque à liberdade de imprensa em Cabo Verde”, o pedido internacional de socorro vai ser dirigido a Repórteres Sem Fronteiras, à Federação Internacional dos Jornalistas e todas as entidades que forem necessárias.
Geremias Furtado justificou esta tomada de posição por entender que a liberdade de imprensa é indispensável à democracia e que “não se deve aceitar que a mesma seja posta em causa, ainda mais por quem tem o dever e a obrigação de a defender”.
Para o presidente da AJOC “em menos de uma semana, dois episódios marcam pela negativa o exercício do jornalismo em Cabo Verde”, acções que, a seu ver, precisam de “um basta sob pena” do país descer, uma vez mais, os degraus “importantes” conquistados nestes 46 anos da independência em matéria de liberdade de imprensa.
A razão, primeiro, clarificou, está no facto do presidente do Supremo Tribunal da Justiça “ter posto em causa a capacidade interpretativa de um jornalista”, por sinal, Orlando Rodrigues, referenciado como sendo “muito experiente”, mandando rectificar uma peça divulgada na televisão pública.
A segunda razão avançou, é a recente constituição como arguido do director e redactor do Santiago Magazine, Hermínio Silves, num processo de suposta violação de segredo de justiça, como se sabe, sobre o caso do assassinato de Zezito Denti d’Oru.
Para a direcção da AJOC, que esteve também representada nesta conferência de imprensa pela vice, Gisela Coelho, este último caso “torna-se ainda mais grave para a classe jornalística”, quando se sabe que o jornalista não tem o dever e a obrigação de defender o segredo de justiça, mas sim de informar e fazer o seu trabalho, como aconteceu no caso em questão, sendo que cabe aos guardiões da justiça manter o segredo de justiça, não ao jornalista.
Aliás, os representantes da AJOC, evidenciaram o facto de que senão fosse a matéria jornalística de investigação sobre este último caso, o mesmo tinha caído no esquecimento.
Perante estes casos, a AJOC apelou a todos os jornalistas a não se deixarem se intimidar com acções do tipo e que continuem firmes no exercício das suas funções, denunciando sempre situações que põem em causa a liberdade de imprensa e os direitos dos jornalistas em Cabo Verde”.
C/ Inforpress