A Escola de Preparação Integral de Futebol (EPIF), fundada na década de 90, na Praia, corre “sérios riscos” de fechar as portas, por falta de condições. O alerta é do seu fundador, José Maria Ramos Lobo, mais conhecido por Djedji.
Em declarações, esta Segunda-Feira, à Rádio de Cabo Verde (RCV), Djedji lamenta a difícil situação desta escola que, conforme destacou, “já fez muito por Cabo Verde”, tendo, inclusive, formado muitos dos jogadores internacionais pela Seleção de Futebol de Cabo Verde e que também alinham em importantes clubes no estrangeiro, nomeadamente na Europa.
José Maria Ramos Lobo lamenta que a escola não tenha, neste momento, nem condições para pagar os monitores que trabalham “dia e noite”, uma vez que, com a pandemia da Covid-19, a instituição perdeu os patrocínios.
“Os monitores já estão há um mês e tal sem receber. Se não encontrar gratificação mínima para estes que trabalham à noite porque sozinho não vou conseguir, a EPIF terá que fechar as portas. Não vou continuar porque não há condições para tal”, explicou Djedji, lamentando o facto de uma escola que fez tanto para o desenvolvimento social e desportivo do país encontrar-se sem apoios.
O fundador da EPIF reclama o apoio do Governo que, conforme realçou, não só conhece a importância dessa escola, mas também as dificuldades por que passa.
“É triste para o historial desta escola. Eu tenho consciência que ela não merece isso. Esta é uma das instituições que deveria ter apoio porque fez muito e continua a fazer. Ela ajuda as crianças, as famílias e o país. Por tudo o que ela fez, o Governo deveria aproximar para lhe dar um abraço”, defendeu, admitindo que esta situação está, inclusive, a afectar a sua saúde física e mental porquanto criou a escola “com muito amor e carinho”.
Principais dificuldades
Para além da falta de condições financeiras para pagar os quatro (4) formadores, Djedji diz que a escola tem ainda outros problemas, nomeadamente, a falta de um espaço para guardar materiais de treinamento e uma viatura para logística.
“Para além dos dez mil escudos para os quatro monitores, a EPIF não tem sequer uma viatura para transportar os materiais e os alunos quando necessário. Não tem nem espaço para guardar os materiais de treinamento. Isto é muito triste”, lamentou, admitindo ainda limitações relacionadas com a utilização do estádio do Sucupira em Achada de Santo António, cidade da Praia.
Viveiro dos Tubarões Azuis
Nos seus quase 30 anos de existência, a EPIF arquitetou o caminho de muitos jovens cabo-verdianos que sonhavam com carreiras internacionais e que acabaram por concretizar os seus sonhos.
Aliás, Djedji considera que o sucesso da Seleção Nacional de Futebol, também conhecida por Tubarões Azuis, deve-se muito à EPIF.
“Ryan, Stopira, Babanco, Gegê, Zé Luís, Patrick, entre outros, todos eles fizeram parte desta escola”, realça, recordando pormenores de como recrutou alguns desses futebolistas internacionais cabo-verdianos, muitos deles ainda com sete e oitos anos de idade.
Djedji também destaca o exemplo de Jovane Cabral com uma grande carreira internacional no Sporting de Portugal. “Todos os dias, o seu pai trazia-lhe de Assomada, Santa Catarina (interior da ilha de Santiago), para treinar comigo na EPIF”, avançou Djedji, reafirmando, que os Tubarões Azuis conhecem muito bem o mérito da EPIF e, “de que maneira!”
Depois de uma longa paragem devido à pandemia da Covid-19, a EPIF retomou as suas actividades em Novembro do ano passado (2021). Porém, como alega o seu próprio fundador, corre o risco de fechar portas e não poder dar continuidade aos quase 30 anos a formar crianças e jovens para o desenvolvimento social e desportivo de Cabo Verde.
C/RCV