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Política

PAICV saúda retoma dos voos internacionais da TACV mas aponta intransparência e incertezas

O Partido Africano para a Independência de Cabo Verde (PAICV) saudou hoje a retoma dos voos internacionais da TACV, mas apontou o dedo a “incertezas” e “intransparência” à volta da companhia de bandeira. Em conferência de imprensa, na Cidade da Praia, o secretário-geral do partido da oposição, Julião Varela, questionou se não se está perante “mais uma aventura, como das outras vezes, com soluções avulsas sem consistência”.

“Sem grandes surpresas, apareceu nos céus de Cabo Verde, para depois pousar no aeroporto Nelson Mandela, na Praia, um avião ao serviço da extinta TACV, que ressurgiu das cinzas do que nos foi deixado pela desajustada e inconsistente parceria com a Icelandair”, começou por dizer Julião Varela, apontando que a TACV começa a “voar sem avião”, fazendo referência ao aluguer no sistema wet leasing.

Portanto, exortou, após as peripécias em torno dos “negócios nebulosos e atentatórios” aos interesses nacionais, feitos com a Icelandair, espera-se transparência para com os contribuintes.

“Os cabo-verdianos precisam ter garantias em como os seus recursos não serão, mais uma vez, disparatados por uma decisão pouco ponderada sem se acautelar os interesses nacionais”, disse Julião Varela.

 Efeitos imediatos nos custos de bilhetes

Para o representante tambarina, esta decisão deve ter efeitos imediatos nos custos de bilhetes, assim como devem ser esclarecidos quais os planos futuros, que custos irão ser assumidos e para quando as soluções duradouras e estáveis para os destinos onde reside a maioria da diáspora cabo-verdiana.

“A pergunta que paira no ar é porquê que só agora se recorreu a esta saída de wet leasing deixando o país por mais de um ano sem saída e obrigando os cabo-verdianos a suportar todas as dificuldades para viajar, de regresso e para fora, com custos elevadíssimos”, questionou.

Esclarecimentos sobre privatização da TACV e recurso a fundos do INPS

Para o também deputado do PAICV, o Governo deve igualmente aproveitar esta oportunidade para esclarecer a opinião pública sobre o avião arrestado na sequência do “escandaloso e falhado” negócio da privatização dos TACV em que Cabo Verde não recebeu nem um centavo.

Os cabo-verdianos, continuou, são hoje chamados a suportar milhões em avales e garantias concedidos à Icelandair, hoje assumidos pelo erário público depois da reversão, para o Estado, dos 51% da empresa que pregou calote ao Governo.

Coincidentemente, sublinhou, a retoma dos voos dos TACV acontece ao mesmo tempo que se reúne a Assembleia Geral da empresa para, entre outras, apreciar e aprovar as contas.

“Isso acontece também sem surpresas porque já se sabe que as contas não vão bem e que vinham sendo acumulados avultados prejuízos, mesmo no momento considerado de bonança para os governantes”, acusou Julião Varela, apontando, como efeito, prejuízos deixados pela Icelandair, a volta 3,7 mil milhões de escudos, em 2017, duplicado para 6,7 mil milhões de escudos em 2018.

“Mesmo o ano de 2019, considerado o melhor da gestão do Governo do MPD, acumulou prejuízos no valor de mais de 6 mil milhões de escudos”, sublinhou.

O maior partido da oposição considera que esta é também uma oportunidade para o Governo esclarecer a todos qual o montante que foi retirado ao INPS para socorrer ao seu parceiro e como pensa repor este montante para não perigar a sustentabilidade das prestações destinadas aos contribuintes do sistema de proteção social.

O PAICV diz que agora aguarda respostas também quanto às deslocações domésticas, além de soluções consistentes e previsíveis, que envolvam o mercado doméstico e que acarrete menos prejuízos para os trabalhadores, em particular, e para os cabo-verdianos, de um modo geral.

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