O que no início era apenas uma escolinha de futebol para ocupar o tempo livre dos jovens da Achada Grande Frente, hoje acolhe várias crianças e adolescentes da faixa etária entre os cinco e os 19 anos. Edson Paiva, seu mentor, conta como tudo aconteceu, confirmando que o impossível só existe enquanto não for encarado e superado pela força de fazer mais e melhor.
A Escola de Futebol da Achada Grande – EFAG é um projecto realizado por Vander Duarte (Nony), Emerson (Didi) e Edson Paiva (Djaniny), que surgiu em 2018, quando os três amigos ainda eram estudantes universitários do curso em Ciências do Desporto, variante Treino Desportivo. Da observação surgiu a necessidade de ha- ver mais escolas de futebol naquela que é uma das comunidades mais expressivas da capital.
“Havia muita exclusão de jovens por parte da única escola de futebol existente e isso fazia com que alguns fossem pelo caminho do vandalismo, drogas e abando- no escolar, então vimos que era necessário uma intervenção para ocupar o tempo livre deles”, narra Edson Paiva, vice-presidente da Escola de Futebol da Achada Grande.
Edson afirma que o mais importante na EFAG “é que os jovens adquiriram normas e condutas para, futuramente, tornarem-se cidadãos de valores e que estarão aptos para exercerem os seus papéis na sociedade”.
Hoje, com a sua sede no prédio “Cachorão”, na rua principal da Achada Grande Frente, a EFAG já participou em vários campeonatos. Fora isso, abriu-se a outras modalidades desportivas e outros campos de actuação, tudo para afastar os jovens dos males sociais.
“Além de preencher o tempo das crianças e jovens da região com a prática do futebol, o nosso objectivo é reforçar também os estudos dos jovens do bairro com aulas de recuperação e palestras, trabalhar o lado psicológico e o desenvolvimento pessoal, como meio de socialização e educação”.
Os resultados, acredita, são visíveis: “Durante esses anos tivemos uma diminuição do insucesso escolar das nossas crianças e melhorias em termos comportamentais na própria escola, na sociedade e no seio familiar. No campo do desporto, já tivemos jogador a representar a seleção de Cabo Verde sub17, e jogadores nas equipas da primeira e segunda divisão nacional”.
Em resumo, a EFAG quer promover, desse modo, o desenvolvimento desportivo, recreativo e cultural da comunidade, operando fundamentalmente nas áreas desportivas, animação comunitária, formação dos jovens e em particular a promoção do desenvolvimento humano.
“No princípio o objectivo era só o futebol, mas com a convivência e ao decorrer dos treinos vimos a carência de outras ver- tentes, e agora já temos novas atividades desportivas e introduzimos a ginástica rítmica na es- cola”.
Ainda, segundo Edson Paiva, já é visível um plano de atividades para o ano de 2022, contendo cerca de 45 actividades em várias vertentes, nomeadamente: desporto, cultura, saúde e um intercâmbio internacional.
Assim, a EFAG procura no desporto uma forma de promover o desenvolvimento social, cultural e económico das famílias da Achada Grande Frente.
Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 746, de 16 de Dezembro de 2021