Os agricultores do Maio estão descontentes com aquilo que dizem se tratar de inércia da delegação do Ministério da Agricultura e Ambiente perante o “ataque contínuo” dos gafanhotos nas suas propriedades e acusam esta delegação de não fazer nada para os ajudar.
Este desabafo foi feito à Inforpress, pelo porta-voz dos agricultores do perímetro agrícola de Tambarina, Ineuse Ribeiro, para quem ao sector agrícola na ilha do Maio não tem sido dado a atenção que realmente merece.
Segundo este representante, neste momento, deveriam estar a fazer alguma colheita, mas nem sequer conseguiram fazer a plantação, porque os gafanhotos estão a devorar tudo.
Conforme adiantou, apesar de inicialmente apostarem na plantação de batata doce e de alguma mandioca, os agricultores estão a ver os seus esforços a serem “reduzidos a pó”.
“Depois de muito tempo à espera para termos alguma quantidade de água nos poços para produzirmos, e agora que estamos com uma quantidade razoável, não estamos a poder fazer a plantação de produtos que são apropriados por esta altura, porque estamos a sofrer ataques contínuos dos gafanhotos”, salientou.
MAA “nada tem feito”
Na opinião desse responsável, a Delegação do MAA “nada tem feito” para combater esta praga, alegando que a representação do ministério da agricultura na ilha actua somente em período de chuvas para evitar a propagação.
Aliás, frisou que foram informados que nesta altura não é aconselhável a utilização de agrotóxicos que causam efeitos no ambiente, por isso foi-lhes recomendado a adquirirem um tipo de inseticida biológico.
Mas, na opinião daquele agricultor, este tipo de inseticida não produz efeito perante os gafanhotos, porque já fizeram esta aplicação e não viram qualquer resultado, e, enquanto isso, estão a acumular avultados prejuízos sem que ninguém os ajude a suportar estas perdas.
Situação semelhante em Monte Vermelho
Situação semelhante está a ser vivida no perímetro agrícola de Monte Vermelho, onde, de acordo com o agricultor Justino Monteiro, nem os viveiros estão a ser poupados pelos gafanhotos.
Por isso, os camponeses estão condicionados a realizar a plantação, embora admita que estão a deparar com pouca quantidade de água que vem sendo fornecida pelo furo local, mas, mesmo assim, poderiam estar a fazer alguma colheita por esta altura.
Sem alternativa, Justino Moreira defende que a única opção é esperar até que os gafanhotos completem o seu ciclo de vida para iniciarem os trabalhos da plantação.
MAA diz não haver razões para acusações
Contactada pela Inforpress, a delegada do MAA disse que depois de ser informada da situação pelos agricultores enviou os técnicos ao terreno para lhes facultarem as orientações técnicas e o tipo de inseticida que deveriam utilizar, assim como colocar à sua disposição os materiais que necessitavam para darem o combate.
Teresa Tavares enfatizou ainda que todo este procedimento respeita as normas que são emanadas pelo MAA, por isso, garantiu que fez tudo o que estava à sua disposição e que considera não existir razão para estas acusações.
C/Inforpress