A Associação Abraço denuncia cinco meses de atraso no pagamento do apoio de três mil escudos oferecidos pela Câmara Municipal de São Vicente aos portadores de HIV e SIDA.
Ailton Lima, presidente da ONG, diz mesmo que o atraso tem criado dificuldades aos portadores e revela que a própria Associação Abraço enfrenta dificuldades financeiras, o que tem comprometido o ativismo.
São Vicente tem cerca de 250 portadores de HIV e SIDA, conforme dados da Associação Abraço, 60 dos quais dependem do subsídio de três mil escudos oferecidos pela Câmara Municipal de São Vicente e que está em atraso desde maio.
Dificuldades acentuadas
Ailton Lima diz que os beneficiários deste subsídio vivem com dificuldades e o atraso piorou a situação.
“A Câmara garante um apoio de 3 mil escudos mensais. Não é muito, mas já garante aos portadores assegurar algumas despesas essenciais, no entanto, tem acontecido atrasos sucessivos no pagamento do subsídio”, faz saber Ailton Lima.
A autarquia, segundo este líder associativo, já prometeu “por diversas vezes” normalizar a situação e aumentar o apoio para cinco mil escudos, mas as promessas não se realizaram.
Dificuldades financeiras comprometem activismo
A própria Associação Abraço, criada em 2009, tem enfrentado dificuldades para funcionar e por em prática o plano de atividades.
“Não temos feito um trabalho melhor porque não temos tido nenhum recursos, nem humanos e nem financeiros para colocar o nosso plano de atividade em prática. A mobilização de recursos tem sido a nossa maior dificuldade. Temos dificuldades de ter acesso a materiais informativos, para terem uma noção”, avança Ailton Lima à nossa reportagem.
A nossa fonte destaca que a associação tem a preocupação de acompanhar as pessoas que vivem com HIV e estimular o acesso ao tratamento para que fiquem indetectáveis, como forma de evitar novas infecções.
No entanto, avança que a pobreza e as desigualdades têm condicionado a adesão ao tratamento da forma correta, principalmente agora com a pandemia da Covid-19.
Desigualdades e pobreza
“Temos um tratamento eficaz que nos dá mais esperança de vida, porém a qualidade de vida deixa a desejar. Não adianta nos dar esperança, quando não há emprego, não temos comida, nem uma casa de banho e nenhuma dignidade. A pandemia da Covid-19, infelizmente, veio piorar tudo e colocou em pausa o nosso trabalho e piorou a pobreza sentida nas pessoas que vivem com o vírus”, exprime.
Este líder associativo pede o reforço das ações de sensibilização e testagem, por ter a percepção de haver uma diminuição na procura de preservativos e um baixar da guarda da população, em relação à prevenção.
No entanto, está ciente que com a ajuda das associações e da sociedade em geral, Cabo Verde vai conseguir atingir a meta de eliminar o HIV até 2030, mas, para isso, entende ser necessário implementar avanços científicos na prevenção com a introdução da PrEP, combater as desigualdades e massificar o tratamento antirretroviral para que o número de indetectáveis seja cada vez maior.
Leia na edição 743 do jornal A Nação desta semana a reportagem sobre a situação do HIV em Cabo Verde, com foco sobre o método PrEP na prevenção do vírus, entre outras inovações científicas.