Em Comunicado, o Governo da República Bolivariana da Venezuela denuncia aquilo que chama de “sequestro” do “diplomata” venezuelano Alex Saab, “por parte do Governo dos Estados Unidos, com a cumplicidade das autoridades de Cabo Verde”, que, diz, “o torturaram e mantiveram prisioneiro, arbitrariamente, durante 491 dias (…) violando as leis de Cabo Verde e a Convenção de Viena”.
“Responsabilizamos as autoridades cabo-verdianas e o Governo do Presidente Biden, pela vida e integridade física de Alex Saab, e reservamo-nos, como Nação soberana, às acções que tomaremos em consequência”, lê-se o comunicado oficial de Caracas, a que A NAÇÃO teve acesso.
No documento, o Governo Bolivariano e da República da Venezuela, “repudia” aquilo a que chama de “grave violação dos Direitos Humanos, contra um cidadão venezuelano, investido como diplomata e representante do nosso país no mundo”. Facto, dizem, “que abre um precedente perigoso para o Direito Internacional”.
Caracas agradece “a solidariedade do nobre povo de Cabo Verde e da Comunidade de países africanos, assim como os movimentos sociais dos EUA e do mundo, que levantaram as suas vozes, repudiando este delito”.
Segundo escrevem, “a luta pela dignidade deste homem inocente (Alex Saab) a quem assiste e protege o Direito Internacional, continua e se intensifica”.
Entretanto, após a extradição de Alex Saab, o governo venezuelano suspendeu as negociações com a oposição que decorriam no México, com a mediação da Noruega, e que, segundo avança a Agência Lusa, deveriam recomeçar este domingo,17. Uma medida de reação, pois, segundo o comunicado de Caracas, Alex Saab era “representante permanente do nosso governo, na Mesa de Diálogo que decorre no México, com as oposições venezuelanas”.
Histórico
Recorde-se que, conforme avançado em primeira mão pelo site A NAÇÃO, o venezuelano Alex Saab foi extraditado para os Estados Unidos da América (EUA), na tarde deste sábado,16, num avião do departamento de justiça norte-americano, que levantou voo por volta das 16h50 do aeroporto internacional Amílcar Cabral, no Sal. Isto pouco mais de um ano e quatro meses depois de ter sido detido.
Chega assim ao fim o mediático caso da detenção, em Cabo Verde, e a extradição para os EUA, de Alex Saab. Um caso que muita tinta fez correr na imprensa nacional e internacional e que termina com a extradição efectiva do venezuelano, tido como testa de ferro do presidente Nicolás Maduro.
Alex Saab tinha sido detido a 12 de Junho de 2020, pela Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal) e pelas autoridades cabo-verdianas, durante uma escala técnica no Aeroporto Internacional “Amílcar Cabral”, na Ilha do Sal, com base num Mandado de Captura Internacional, emitido pelos EUA, que o consideram um “testa-de-ferro” do Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
Os EUA acusam Alex Saab de ter branqueado 350 milhões de dólares (295 milhões de euros) para pagar actos de corrupção do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, através do sistema financeiro norte-americano.
Desde a detenção, até ao último momento, foram várias as tentativas da defesa de Alex Saab para travar a extradição, mas sem sucesso, tendo sido agora consumada.
Entre vários recursos junto do Tribunal Constitucional, a defesa do venezuelano alegou sempre inconstitucionalidades cometidas ao longo do Processo e na aplicação de normas em matéria de Direito Internacional, bem como a violação de regras da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental), além de alegadas motivações políticas, estarem por detrás da extradição.
Investidas infrutíferas, num caso mediático, que chamou as atenções de toda a comunidade internacional e que chega agora ao fim. Pouco mais de um ano e quatro meses depois de ser detido, Alex Saab foi extraditado neste sábado, 16, à tarde para os EUA.