O candidato às eleições presidenciais, deste domingo, 17 de Outubro, José Maria Neves, pediu ontem, a partir de Santo Antão, respostas sobre a suposta ligação do Governo e de Carlos Veiga à extrema direita portuguesa, através do partido Chega. Um assunto “grave” para o país e para os cabo-verdianos, e que Neves diz que ainda não foi esclarecido.
O candidato José Maria Neves chegou à ilha de Santo Antão, um dia depois de Ulisses Correia e Silva, primeiro-ministro que tem acompanhado Carlos Veiga na campanha, ter descartado, no Porto Novo, as ligações do Governo e de Carlos Veiga à extrema direita portuguesas.
Um descarte que por si só não convenceu Neves, que voltou a insistir no assunto e pediu respostas. “Relativamente às relações de candidatos oficiais com movimentos extremistas e populistas, que levou à demissão do ministro dos Negócios Estrangeiros (Luís Filipe Tavares) e levantamento de um processo de averiguações pela Procuradoria Geral da República, e ainda denúncias de envolvimento de suborno”, questionou.
Para José Maria Neves, a questão é tão grave que merecia, não só um debate sério, como esclarecimentos públicos, acusando ainda o candidato Carlos Veiga de ter fugido do assunto, quando foi questionado no debate público, entre os sete concorrentes, no domingo passado,10, na RTC.
Envolvimento do governo na campanha e financimento
Outro assunto que voltou à baila neste último périplo de José Maria Neves, por Santo Antão, antes das eleições de domingo,17, é o envolvimento vísivel de membros do Governo na campanha eleitoral. Neves voltou a denunciar que há um candidato presidencial oficial com mais recursos financeiros, referindo-se a Carlos Veiga.
Quanto à sua campanha, garantiu que é sustentada por financiamento coletivo e empréstimo bancário. “Para cada voto há um subsídio, nós antecipamos o valor, de acordo com a previsão de resultado, junto do banco, e também lançamos um movimento djunta mon para contribuição online, e é com isso que estamos a fazer campanha”, garantiu.
Mesmo assim, assegura, não existe comparação possível com o principal adversário. “Têm estado a dizer que ele tem outdoors, e nós também temos, mas, enquanto que eu tenho dez, o outro tem 70 ou 80. Ele tem carro de som, eu também tenho, mas, enquanto eu tenho dez, ele tem 90 ou 100”, exemplificou.
Na sua segunda visita a Santo Antão, Neves visitou Paul e Ribeira Grande, com uma mensagem de amizade e de alegria, de um presidente que quer unir Cabo Verde e ajudar o país a avançar, segundo disse à TCV. Ontem, à noite, encerrou a campanha na ilha das montanhas, com um comício-festa na Povoação onde agradeceu o carinho dos eleitores que o têm seguido. “Obrigada Santo Antão, pelo carinho obrigado por tudo que esta ilha tem dado a Cabo Verde”, disse.
15º dia faz o fecho de campanha em São Vicente
Esta quinta-feira, José Maria Neves faz o fecho da campanha na ilha de São Vicente.
Recorde-se que estas são as sétimas eleições presidenciais de Cabo Verde, desde 1991, ano em que pela primeira vez a escolha do PR passou a ser feita pelo voto directo, universal e pluralista.
A eleição para o Presidente da República que sucederá a Jorge Carlos Fonseca, no cargo, acontece no próximo dia 17 de Outubro e concorrem sete candidatos: Fernando Rocha Delgado, Gilson Alves, José Maria Neves, Carlos Alberto Veiga, Hélio Sanches, Casimiro de Pina e Joaquim Monteiro.