O candidato às eleições presidenciais de 17 de Outubro, José Maria Neves, defendeu ontem que é falsa a ideia passada por seus opositores, de que teria expulsado alunas grávidas dos liceus, enquanto foi primeiro-ministro de Cabo Verde. Bem pelo contrário, garantiu, a suspensão da matrícula das alunas grávidas foi uma medida tomada para prevenir o abandono escolar, sendo que, no ano lectivo seguinte, as mesmas já podiam retomar as aulas.
José Maria Neves defendeu a medida este domingo, no âmbito do debate promovido pela Rádio e Televisão Públicas, RTC, em que participaram os sete candidatos ao Palácio Presidencial.
“Há um conjunto de notícias falsas e de discursos que são tirados do contexto, designadamente a questão das alunas grávidas. Na verdade, antes de eu ter entrado para o Governo, as alunas grávidas perdiam o ano por faltas, porque engravidavam-se e as faltas não eram justificadas. O que eu fiz foi permitir que as alunas grávidas suspendessem a matrícula, tivessem um acompanhamento psicológico e depois pudessem regressar normalmente e continuar os seus estudos”, justificou.
Antes da medida, segundo avançou, praticamente 100% das alunas perdiam o ano e até o direito de continuar os estudos. Já depois, garantiu, mais de 90% continuaram os estudos e conseguiram concluir o liceu, graças à medida implementada, que permitiu regressarem às escolas.
“Portanto, os ataques que os dois militantes e dirigentes do MpD (Carlos Veiga e Casimiro de Pina) têm feito à minha candidatura, não são plausíveis, são ataques gratuitos nos tempos de antena, e é por isso que estou aqui para fazer pedagogia política e trabalhar para uma forte educação para a cidadania”, referiu.
José Maria Neves exortou, por outro lado, o adversário Carlos Veiga a responder a questões que dizem respeito à sua suposta ligação a grupos de extrema direita nos Estados Unidos, tendo em conta a polémica entre Do Paço e Luís Filipe Tavares, enquanto Veiga ainda era Embaixador do Estados Unidos na América. Uma questão que considera “gravíssima” e que, recordou, levou à demissão do então ministro dos Negócios Estrangeiros.
“Acho que deve uma explicação ao país”, provocou, apontando ainda questões como a profanação, “que ofendeu gravemente direitos e liberdades de cidadãos”.
CEDEAO e EU importantes
Falando de temas actuais que interpelam a governação do país, José Maria Neves defendeu, no debate, uma posição especial de Cabo Verde na CEDEAO, considerando que a importância estratégica de Cabo Verde passa precisamente pela sua inserção competitiva na CEDEAO e no continente africano.
“Devemos fazer um esforço para estar cada vez mais presentes, a nível da CEDEAO, e a nível do continente, para termos uma África forte, coesa, unida, moderna e com oportunidades para todos os seus filhos”, defendeu.
No âmbito da cooperação internacional, Neves sublinhou que a relação de Cabo Verde com a Europa é extremamente importante, por partilhar um conjunto de valores, como a democracia, a liberdade, os direitos fundamentais e o humanismo.
“O nosso acordo de parceria especial foi negociado nesse quadro, em 2007, e trouxe ganhos importantes para Cabo Verde”, lembrou.
Com “ganhos extremamente importantes”, em diversas áreas, diz que agora é preciso trabalhar para aprofundar o acordo de mobilidade conseguido recentemente, trabalhar as problemáticas das mudanças climáticas, a economia azul e a transição digital e energética.
12º dia de campanha rumo ao Maio
Esta segunda-feira,11, José Maria Neves estará na ilha do Maio, para a continuidade do programa de campanha eleitoral.
Recorde-se que estas são as sétimas eleições presidenciais de Cabo Verde, desde 1991, ano em que pela primeira vez a escolha do PR passou a ser feita pelo voto directo, universal e pluralista.
A eleição para o Presidente da República que sucederá a Jorge Carlos Fonseca, no cargo, acontece no próximo dia 17 de Outubro e concorrem sete candidatos: Fernando Rocha Delgado, Gilson Alves, José Maria Neves, Carlos Alberto Veiga, Hélio Sanches, Casimiro de Pina e Joaquim Monteiro.