Além de pedir a transparência dos negócios públicos, como é o caso do acordo celebrado com a Bestfly, o PAICV clama pela rápida resolução do problema de transportes que vem afetando a vida dos residentes, dos emigrantes e de civis que necessitam ser evacuados em condições dignas.
Em declarações, alusivas ao problema de transportes que o país enfrenta, em conferência de imprensa, realizada na manhã de hoje, o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) denunciou “a grave situação dos transportes em Cabo Verde”, com “reflexo claramente negativo na economia e na vida da população residente e na emigração”.
O deputado nacional, Luís Pires, começou por elencar as situações que a população tem vindo a enfrentar em relação às dificuldades em se deslocar, os cancelamentos das viagens e os preços das passagens, principalmente na ilha do Fogo.
“As cabo-verdianas e os cabo-verdianos estão, praticamente, presos nas suas ilhas. No Fogo chegamos a ter, no passado, 14 voos semanais e agora, mesmo antes da pandemia, mal temos 4 ou 5 voos por semana. Os bilhetes de passagem ida e volta, Fogo/Praia/Fogo que já chegaram a custar pouco mais do que 8 mil escudos, agora, nalguns casos chegam aos 20 mil escudos”, denunciou.
Aproveitou para elucidar que a situação acontece em todas as ilhas, onde os preços das deslocações têm aumentado de “forma expressiva”. Além disso, tem-se verificado que “os nossos emigrantes, quando não desistem das viagens, por causa das rotas internacionais absurdas ou dos preços exorbitantes, ficam presos nas ilhas com as consequências que estão a ser, diariamente, relatadas nas redes sociais e na imprensa”.
Evacuações
O sistema de evacuações com a “inexistência de aeronaves que suportam transportes em macas” também é um outro problema que os cabo-verdianos têm de enfrentar.
“O que aconteceu sábado, por exemplo, no Fogo, com uma paciente evacuada em maca a ser transportada de barco, em condições precárias, indignou a ilha inteira. Aliás, a viagem só foi possível, graças a uma ambulância da Câmara de São Filipe”, exemplificou
A “guerra” entre a CVI e o INPS também foi trazida à discussão, onde o representante do partido declarou que o Governo “tem que poder pôr cobro” à situação.
“O Governo tem que poder pôr cobro à guerra entre a CVI e o INPS. A CVI não aceita requisições de passagens para evacuações e isto tem causado enormes constrangimentos às famílias. O INPS não pode abdicar-se das suas responsabilidades e nem ser condicionado na assunção da sua vocação primária. Urge ultrapassar esta situação que se vem arrastando desde 2016 e que agora atinge o limite do caos total”, apontou.
De todos esses problemas, surge ainda a questão dos boeings da TACV que ainda não estão no país.
“Os 11 aviões boeing, como viram, não chegaram. Um segundo avião da Bestfly que, em finais de julho, conforme o Sr. Primeiro-Ministro, já estava a caminho, também ainda não chegou. Estamos perante uma situação nunca antes vista na história deste Cabo Verde independente, um verdadeiro retrocesso na caminhada empreendida antes e há quem já questione se já não estamos a perder algumas formas de independência”, sublinhou.
Os assuntos com a Bestfly e os contornos do processo ainda estão por ser conhecidos, pelo que o deputado aproveitou por finalizar afirmando que o “país precisa conhecer o acordo celebrado com a Bestfly”.