Dois ataques suicidas, ocorridos no exterior do Aeroporto Internacional de Cabul – a Cidade-Capital do Afeganistão -, mataram dezenas de pessoas, incluindo 13 militares dos Estados Unidos da América (EUA). Presidente dos EUA, Joe Biden, promete vingança e a continuação da retirada daquele País do Sul da Ásia.
O ataque ocorreu, quinta-feira, 26 – reporta o portal pt.euronews.com -, entre as multidões que procuram abandonar o País, após a tomada de Poder pelos Talibãs, consumado com a capitulação de Cabul, a 15 de Agosto.
O grupo radical Estado Islâmico já reivindicou a autoria dos ataques, que ocorrem a poucos dias do final do prazo para a retirada Norte-Americana do Afeganistão.
Falando a partir de Washington (nos EUA), o Presidente Joe Biden prometeu vingança e a continuação da retirada.
“Para aqueles que levaram a cabo este ataque, assim como todos aqueles que desejam mal à América, quero que saibam que não vamos perdoar; não vamos esquecer. Vamos procurar-vos e fazer-vos pagar. Não vamos ser impedidos por terroristas. Não os vamos deixar interromper a nossa Missão.
Vamos continuar a retirada”, anunciou o Presidente Joe Biden, visivelmente abatido.
Os EUA estimam que perto de um milhar de Cidadãos Norte-Americanos ainda permanecem no Afeganistão.
No exterior do Aeroporto de Cabul, muitos esperam, ainda, conseguir abandonar o Afeganistão, antes do final do mês.
Para além das várias dezenas de mortos – o número cresce, à medida que o tempo vai passando -, o ataque provocou, também, mais de 200 feridos.
Um atentado “anunciado”
Esta situação não é, de todo, inesperada. Havia alertas de que poderia ocorrer um ataque. O ministro britânico das Forças Armadas confirmava-o, já na manhã de quinta-feira – antes do evento -, dizendo que havia “informações muito, muito credíveis de que um ataque” ao Aeroporto estava “iminente”, possivelmente dentro de “horas”.
O Primeiro-Ministro belga acrescentava que o seu País tinha recebido informações dos EUA e de outros Países sobre uma “ameaça de ataques suicidas contra” esta massa de pessoas, que continua no exterior do Aeroporto de Cabul.
Porém, o porta-voz dos Talibãs tinha negado que houvesse qualquer “ataque iminente”, mas a verdade é que são várias as forças extremistas que operam no terreno. Mesmo no seio dos Talibãs não há apenas uma liderança e um Grupo de Combatentes. Há várias Tribos, com lideranças diferentes. Pelo que o consenso não existe, de facto.
Milhares de pessoas têm-se reunido no exterior do Aeroporto de Cabul, para tentar fugir do Afeganistão, por via aérea, em aviões de Países da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte), por temerem represálias por parte dos Talibãs.
A situação tem vindo a degradar-se, desde que este grupo extremista tomou o Poder, a 15 de Agosto.
Fim da retirada
O ataque acontece quando se aproxima o fim do Processo de Repatriamento de Cidadãos Estrangeiros e de partida de parte dos Afegãos que apoiaram, de alguma forma, as Forças Internacionais Aliadas, e as suas Famílias, ao longo dos últimos anos.
Alguns Países já terminaram as suas retiradas e começaram a deslocar os seus soldados e diplomatas, assinalando o início do fim de uma das maiores evacuações aéreas da História.
Até aqui, os Talibãs têm honrado a promessa de não atacar as Forças Ocidentais, durante a retirada. Ainda assim, insistem que as Tropas Estrangeiras devem sair do Afeganistão, até à data definida por Joe Biden: 31 de Agosto.
As mulheres e as meninas são aquelas por quem mais se teme.
Sintonia entre UE, NATO e Talibãs
O ataque desta quinta-feira, no Aeroporto Internacional de Cabul, veio complicar, ainda mais, a situação no Afeganistão e já foi condenado, de forma unânime, pela Comunidade Internacional.
A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, classificou-o de “cobarde e desumano” e mostrou-se preocupada com o “ressurgimento do Terrorismo no Afeganistão”.
Já o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, destacou que a prioridade da Aliança passava por completar, rapidamente, o processo de retirada.
Por sua vez, a Chanceler Alemã, Angela Merkel, sublinhou que “o ataque foi particularmente horrível, uma vez que teve como alvo pessoas que estavam à espera para sair do País e que só queriam segurança e liberdade”, acrescentando que os seus pensamentos estavam com as vítimas e as suas famílias.
Os ataques provocaram um sério revés no processo de evacuação em curso, no Afeganistão, mas o Primeiro-Ministro do reino Unido, Boris Johnson, garante que não baixará os braços.
“Sempre soubemos que este era um momento em que estávamos particularmente vulneráveis ao Terrorismo. Condenamos estes ataques, consideramos que são desprezíveis, mas são algo para o qual tivemos de nos preparar. Não vão interromper o nosso progresso e vamos continuar o Processo de Evacuação”, manifesta Boris Johnson.
Os Talibãs também não tardaram a reagir, divulgando um Comunicado onde condenam os ataques contra civis, no Aeroporto de Cabul e lembrando que “a explosão ocorreu numa área onde a responsabilidade pela Segurança cabe às forças dos EUA”.
Sublinharam, ainda, a intenção de proteger a população e garantiram que lidarão, “severamente, com os criminosos”.
Isis-K reivindica
O Grupo Radical Isis-K, assumiu a responsabilidade por um ataque do lado de fora do Aeroporto Internacional de de Cabul, a Cidade-Capital do Afeganistão.
Em Comunicado, Isis-K afirmou que um militante realizou um ataque suicida contra pessoas, perto do Aeroporto, e acrescentam, ainda, que o nome do atacante suicida é “Abdul Rahman al-Logari”.
Vários guardas dos Talibãs também foram atingidos e estão entre os feridos.
Isis-K é um Grupo auto-intitulado terrorista, que surgiu, pela primeira vez, na Região de Khorasan (entre o Afeganistão e Paquistão), em 2015.
Ela foi criada após morte de Osama Bin Laden, ex-líder da Al-Qaeda, em 2011.