Uma em cada três pessoas no Afeganistão passa fome. O alerta foi feito pelo Programa Alimentar Mundial (PAM), que refere que a situação se deve a uma conjugação de factores, a saber: a seca extrema naquele País do Sul da Ásia, a Pandemia de COVID-19 e vários anos de Conflito Armado.
Para o PAM – citado pelo portal pt.euronews.com -, cvaso não for feito nada, o panorama irá agravar-se, consideravelmente, com a chegada do Inverno naquele País Asiático.
John Aylieff, director daquela Agência das Nações unidas, na Ásia, revela que “há 14 milhões de pessoas no Afeganistão que sentem dificuldades para ter comida na mesa. O preço do trigo subiu 25 por cento (%) nos últimos meses e com a situação económica, a dificuldade para obter rendimentos e o caos em que o País está mergulhado, é muito complicado imaginar um futuro para esta população.
Sem acção imediata, um milhão de crianças com menos de cinco anos estará, severamente, desnutrido, até final do ano.
Já Andrew Patterson, sub-director do PAM, no Afeganistão, explica que com a retirada da Comunidade Internacional, o País irá enfrentar uma Crise de Financiamento, precisando, por isso, de 200 milhões de dólares.
Caso a ajuda não chegue, o resultado será desastroso. “Se a Ajuda Financeira for bloqueada com o que está a acontecer no País, assim como a Operação Humanitária, então, teremos uma Catástrofe para o Povo Afegão”, alerta Andrew Patterson.
A Catástrofe que se adivinha já se faz sentir entre as camadas mais vulneráveis da população, particularmente, os mais novos. A UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) revela que mais de quatro milhões de crianças não têm acesso à Escola, mas a grande preocupação é a Fome.
Auxílios
Sam Mort, que trabalha para a UNICEF no Afeganistão, lamenta que “o País está em Crise e são os menos responsáveis que estão a pagar o preço mais elevado. Há dez milhões de crianças a precisar, desesperadamente, de Assistência Humanitária. Sem ação imediata, um milhão de crianças, com menos de cinco anos, estará, severamente, desnutrido até ao final do ano”.
Em termos de Assistência Médica, a situação é igualmente alarmante.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) já fez saber que o País só tinha medicamentos suficientes para uma semana.
Esperança
Centenas de pessoas continuam fora do Aeroporto Internacional de Cabul, na esperança de uma oportunidade de deixar o Afeganistão em segurança. Apesar da garantia dos Talibãs, de que será possível retirar cidadãos dos Estados Unidos da América (EUA), de Países Terceiros e “Afegãos em risco” depois de Agosto, os Países Ocidentais aceleram as saídas daquele País do Sul da Ásia.
Esta quarta-feira, 26, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, garantiu que não há data para a retirada completa dos Norte-Americanos e Cidadãos que apoiaram a Missão de Washington no Afeganistão.
Antony Blinken disse que mais de mil e 500 Norte-Americanos podem estar, ainda, à espera de um vôo.
Alguns Afegãos estão a ser afastados do Aeroporto, por Forças Americanas que controlam os portões, apesar de terem aprovação para vôos.
Em Cabul, a vida continua num impasse. Muitos trabalhadores da Cidade ainda não regressaram ao trabalho e muitas pessoas, especialmente as Mulheres, permanecem dentro de casa, com medo.
Os Talibãs tranquilizam e garantem que as décadas de Guerra terminaram e que não haverá ataques de vingança contra os opositores. Mas muitos afegãos desconfiam do Grupo, e tem havido relatos de execuções e outros abusos em áreas controladas pelo Novo Governo.
Para milhares de pessoas, neste momento, o único objectivo é estar a bordo de um dos vôos que deixam o País, antes do dia 31 de Agosto.
Resistência
Há, apenas, uma Região no Afeganistão que não está sob controlo dos Talibãs. É o Vale do Panjshir, a Norte de Cabul – a Cidade-Capital -, uma Zona que resistiu à Ocupação Soviética e aos Talibãs, nos anos 90 (do Século passado).
Os combatentes locais, outrora comandados pelo mítico comandante Massoud (Ahmad Shah Massoud), são, agora, liderados por outro Massoud, o filho Ahmad Massoud, e por membros do Governo deposto do Afeganistão, quando os Talibãs tomaram Cabul a 15 de Agosto passado.
Numa entrevista à Rede Noticiosa “Al-Arabiya”, no final de semana, Massoud disse que não iria ceder Território, mas que poderia apoiar um Governo de Base Alargada.
Os residentes prometem resistir, mas não se sabe quanto tempo poderão aguentar os Talibãs armados com o Arsenal Norte-Americano, que ficou no País.
No resto do Território, teme-se o que virá depois da retirada estrangeira, enquanto os extremistas vestem pele de cordeiro, face às câmaras de Televisão.