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Diáspora

Câmara de São Domingos ausculta comunidade em Portugal e traça novas parcerias

O edil de São Domingos, Isaías Varela, esteve, entre 10 e 21 de Julho, em contactos com a comunidade emigrada e estudantes em Portugal, bem como com instituições de ensino e autarquias amigas. O objectivo foi, por um lado, ouvir as preocupações da comunidade e, por outro, reforçar os laços de cooperação e atrair novos projectos e investimentos para o concelho.

A visita de 11 dias teve como propósito, segundo Isaías Varela, reforçar os laços de amizade e cooperação com os municípios geminados, bem como com instituições de ensino e formação no sentido de aumentar o leque de oportunidades formativas para os jovens do concelho.

“Temos uma relação de cooperação com algumas instituições de ensino em Portugal, nomeadamente com os institutos politécnicos de Beja e de Bragança. O objectivo também é explorar novas formas de cooperação, tanto técnica como empresarial, e a possibilidade de desenvolvimento de novos projectos”, explicou o autarca, de regresso a Cabo Verde.

A visita teve ainda o propósito de estimular e incentivar uma participação mais activa dos emigrantes, atrair investimentos e mobilizar recursos para apoiar o município no seu processo de desenvolvimento.

“Queremos explorar novas possibilidades de cooperação com instituições e atrair investidores. Tendo em conta as possibilidades que nós temos a nível do município é necessário procurar pessoas com know-how e com capitais para ajudarem o concelho no seu processo de desenvolvimento”, justificou.

Mais oportunidades para os jovens

Um dos propósitos da deslocação foi reforçar a cooperação com as instituições de ensino no sentido de aumentar as oportunidades formativas para os jovens de São Domingos a nível técnico e universitário e também atrair o conhecimento destas instituições para auxiliar no desenvolvimento do concelho.

Uma das ofertas formativas foi disponibilizada pelos Bombeiros e Proteção Civil de Paços de Arcos através da atribuição de bolsas para licenciatura na área de Gestão de Segurança, Emergência e Proteção Civil na Universidade Atlântica/Escola Universitária de Ciências Empresariais, Saúde, Tecnologia e Engenharia.

Conforme avançou Isaías Varela, essa universidade proporciona, pelo menos, seis saídas profissionais, das quais destaca-se a formação de formadores, o quadro de comandante e oficial de bombeiros, coordenador operacional municipal, técnico de higiene e segurança no trabalho, director de segurança e tripulante de ambulância de socorro.

A nível dos politécnicos, acrescentou o autarca, foi acordada a criação de dois projectos.Um deles refere-se a um programa de estágios, através do qual os estudantes cabo-verdianos a estudar em Portugal regressam para fazer estágios em São Domingos como forma de contribuirem em áreas consideradas prioritários para o desenvolvimento do município.

Assistência técnica

O segundo projecto está relacionado com a disponibilização de assistência técnica à Câmara Municipal de São Domingos (CMSD na modernização administrativa e planeamento e ordenamento do território, que é onde, segundo o edil, o município ainda tem um “handicap enorme”.

Por outro lado, os próprios funcionários terão a possibilidade de realizar estágios de curta duração a nível das câmaras geminadas em Portugal.

A nível de investigação, a parceria estabelecida prevê que jovens investigadores venham ao concelho realizar estudos em áreas que podem servir de suporte científico à própria CMSD na elaboração de projectos.

Investimento estrangeiro

Com o intuito de atrair investimentos, tanto de empresários portugueses quanto de emigrantes, a CMSD está a trabalhar na criação do gabinete de apoio aos emigrantes e atração de investimentos. Para além de apresentar oportunidades, pretende prestar assessoria na elaboração de projectos.

“Há empresários que querem investir em áreas como energias renováveis, indústria agroalimentar, entre outros, e estamos abertos para receber estes investimentos”, garantiu Isaías Varela, salvaguardando que, apesar de os investimentos estrangeiros estarem na alçada do Governo central, a câmara vai fazer o seu papel para atrair estes investimentos para o município.

O intuito é apoiar o emigrante ou investidor, disponibilizando informação e documentação directamente na câmara e ajudá-lo a organizar todo o processo do seu investimento e evitar a perda de tempo com burocracias. 

O turismo é outro domínio pretendido para estes investimentos com o objectivo de gerar empregos e rendimento para empresas e famílias a aprtir do aproveitamento das pontencialidades do turismo de  montanha e de praia, da gastronomia e do turismo religioso, entre outras vertentes.

“Temos já um projecto em elaboração que consiste em estimular e apoiar as famílias na criação de alojamentos locais e melhorar as suas habitações no sentido de receberem turistas a nível nacional e internacional”, especificou.

Intercâmbio através do Centro Cultural de Cabo Verde em Lisboa

Enquanto município rico em cultura e em artistas, e, em vários domínios, uma parceria foi estabelecida com o Centro Cultural de Cabo Verde, sediada em Lisboa, no sentido de promover intercâmbios culturais com artistas e artesãos locais. O objectivo é dar visibilidade ao trabalho feito em São Domingos, através da participação e exposição destes trabalhos em eventos criados no referido centro, incluindo a realização de uma semana da cultura de São Domingos.

Vacinação de doentes evacuados e alojamento para estudantes

A visita estendeu-se à Embaixada de Cabo Verde em Portugal, onde foram apresentadas algumas preocupações de estudantes e da comunidade emigrada, no geral. Uma dessas  preocupações deve-se ao facto  de os doentes evacuados ainda não  terem recebido a vacina contra a covid-19.

A nível dos estudantes, o edil  Isaías  Varela destacou que uma das preocupações prende-se com algumas dificuldades na obtenção do alojamento que os recém-chegados enfrentam, nomeadamente em Beja.

“No Instituto de Beja, os estudantes ficam em residências e não podem receber ninguém. Isso significa que quando chega um estudante novo, não pode ser recebido pelos colegas que já lá estão e muitas vezes não tem outro lugar para ficar.

Quando o aluno chega lá ele precisa concorrer a uma vaga na residência, o que poderá demorar um mês. Isso cria constrangimentos e os estudantes, muitas vezes, acabam por desistir”, constatou, adiantando que abordou o instituto no sentido de apoiar estes estudantes.

“Nós também falámos com os estudantes no sentido de organizarem e terem um ponto focal para dialogar com a câmara e tentarmos apoiar daqui de Cabo Verde”, precisou, acrescentando que a edilidade quer criar ainda um gabinete de apoio e orientação aos estudantes para que saiam do país com todas as informações sobre o funcionamento das instituições e as condições que vão encontrar em Portugal.

Segundo Isaías Varela, espera-se agora a efetivação de tudo aquilo que foi acordado, nomeadamente mais oportunidades para os jovens, maior proximidade com os emigrantes, intercâmbios culturais e investimentos no município. 

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 726, de 29 de Julho de 2021

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