A equipa de profissionais de saúde que desembarcou em Cabo Verde, no passado 05 de Julho, já está de regresso à Holanda. Durante uma semana apoiou equipas de vacinação na Praia e Santa Catarina, dois dos polos com menor índice de imunização no país. Cabo-verdianos que integraram a caravana deixaram um apelo para adesão das pessoas à vacinação, enquanto forma mais eficaz para combater a pandemia.
Ângela da Veiga, coordenadora, e José Borges, enfermeiro, são dois dos cabo-verdianos que chegaram a Cabo Verde no início deste mês, integrando uma equipa de profissionais e estudantes provenientes da Holanda, para apoiar na campanha de vacinação.
Após uma semana intensa de trabalho, na Cidade da Praia e em Santa Catarina, regressaram esta terça-feira à Holanda.
A equipa, constituída por 32 elementos, entre médicos, enfermeiros e administrativos, trouxe consigo 150 mil doses de vacinas da AstraZeneca, para reforçar a campanha em Cabo Verde. A iniciativa, segundo Ângela da Veiga, partiu de um grupo de cabo-verdianos radicado na Holanda, em colaboração com os governos dos dois países.
“Nós sentimos a necessidade que Cabo Verde tem no momento e isto foi uma motivação para vir aqui dar nosso contributo.
Esta pandemia é uma coisa nova, nunca vi nada parecido na minha vida, por isso é algo que devemos encarar de forma séria e trabalhar juntos para vencer”, justificou Ângela da Veiga, uma das coordenadoras da equipa.
De malas prontas, esta responsável fez um balanço positivo do desempenho em Cabo Verde, ressaltando a colaboração entre colegas cabo-verdianos e holandeses. “Cabo Verde é um país que já mudou muito, vimos muito progresso, mas temos que pensar que se trata de um país de África, e não fazer comparações com países da europa”, considerou a coordenadora, natural do município de Santa Catarina.
Apelo à vacinação
Esta profissional sublinha, em jeito de apelo, que “se apenas uma parte do mundo for vacinada, o problema não será resolvido”, e que, por isso, “precisamos nos unir e ajudar o máximo possível, cada um na sua área de intervenção”.
“Na Holanda já demos tudo aquilo que podíamos para ajudar o país a enfrentar esta pandemia, cada um a trabalhar de alguma forma. Hoje sinto-me orgulhosa e satisfeita de poder contribuir também na minha terra”, destacou.
Para a população, exortou, a forma de contribuir é aderir em massa à vacinação. “Cada pessoa tem o direito de decidir aquilo que quer colocar no seu corpo. Mas temos que ter em mente que esta pandemia só será combatida com a colaboração de todos em assumir que a vacina é fundamental”, explicou.
O apelo é reforçado pelo enfermeiro José Borges, natural de São Salvador do Mundo, e que tem estado a trabalhar na linha da frente da covid-19 na Holanda.
“Pessoalmente apelo a toda a população de Cabo Verde a aderir a vacinação, sobretudo pessoas da ilha de Santiago que estão com um pé atrás, porque a covid-19 já desarticulou a sociedade em todos os aspectos”, fundamentou.
A equipa constatou que “falta um pouco de motivação do povo para vacinação’’, mas também que “do lado dos profissionais da saúde tudo está a ser feito, com um plano bem delineado”, pelo que as pessoas devem confiar no trabalho que está a ser desenvolvido.
Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 720, de 17 de Junho de 2021