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Economia

Eugénio Inocêncio: “Compromisso ecológico é obrigatório para o sucesso de qualquer empreendimento turístico”

O presidente da Associação de Turismo de Santiago, Eugénio Inocêncio, considera que o turismo deve ser visto como sendo “uma rede”, onde nenhum sector deve ser subjugado em favor do outro, e que a aposta numa Plataforma Internacional de Saúde afigura-se fundamental para a qualificação do turismo pós-pandemia. E isto, alerta, “vale tanto para a ilha de Santiago como para qualquer outra ilha do arquipélago”.

Criada em 2017, como explica Eugénio Inocêncio, a Associação do Turismo de Santiago (ATS) tem trabalhado em parcerias com as autarquias e o Governo para o desenvolvimento de um “turismo equilibrado e inclusivo e que traga bem bem-estar a toda a população da ilha”.

Neste sentido, a pensar na pós-pandemia, a ATS aposta em dois instrumentos para alavancar ainda mais o turismo: a criação de uma Central de Compras de Santa Cruz e a realização de vários projectos pilotos.

Central de Compras

“A Central de Compras vai permitir fazer a ligação entre os sectores tradicionais da nossa economia e o turismo na ilha de Santiago, assim como nas ilhas do Sal e da Boa Vista”, explica ao A NAÇÃO.

“São poucos os produtos de Santiago que chegam aos hotéis e restaurantes daquelas ilhas e a Central de Compras vai ajudar na transição destes produtos para as ilhas”.

Projectos Pilotos

Já no concernente aos Projectos Pilotos a serem desenvolvidos, estes “terão de respeitar, de forma escrupulosa, o ambiente, a ecologia, o mundo rural e a cultura das pessoas”.

Para o efeito, foram identificados alguns locais e famílias em Santa Catarina, concretamente na Serra Malagueta, e um outro na localidade de Babosa (São Salvador do Mundo), que inclui aproximadamente 150 famílias e cerca de 850 pessoas.

O presidente da ATS diz que, antes da implementação do Projecto Piloto da Comunidade de Babosa, vai ser realizado um levantamento sociológico das famílias para se ter uma ideia das características de cada agregado e da visão de cada um sobre um negócio ligado de forma directa ou indirecta ao turismo.

Feito o estudo, acrescenta Inocêncio, “é fundamental uma requalificação não urbana e sim turística, que significa garantir que, estas famílias, tenham condições como internet, energia elétrica, saneamento básico e água canalizada para poderem receber turistas em suas casas”.

Maior associativismo do sector turístico

O associativismo, na óptica do presidente da ATS, é fundamental para o funcionamento do turismo no arquipélago, dado que o sector funciona em rede pelo que as pessoas e empresas dependem muito uma das outras.

“O turismo”, sublinha, “só tem sucesso em rede, não se pode menosprezar nenhum fragmento em detrimento do outro”.

O entrevistado do A NAÇÃO alerta, entretanto, que é impossível fazer um “turismo inclusivo”, em Santiago, se não houver transportes terrestres adequados que permitam ao turista deslocar-se dentro da ilha.

“O mesmo acontece entre as ilhas, caso não houver transporte marítimo”, acrescenta.

Eugénio Inocêncio considera que se há uma lição a tirar da pandemia da covid-19 é que esta crise veio mostrar que o turismo é uma “arte global”, isto é, “as pessoas ocupam um papel chave, mas a prestação de serviço, a saúde, a segurança sanitária e alimentar são também elas fundamentais”.

Banco de Fomento e Plataforma Internacional de Saúde

A criação de um Banco de Fomento (com capital e fundo próprio) e de uma Plataforma Internacional de Saúde são dois outros instrumentos que Eugénio Inocêncio considera que darão um grande impulso ao turismo nacional, principalmente, na fase pós-pandemia.

“A Plataforma Internacional de Saúde, tal como a defendemos, pode ser um elemento fundamental para a qualificação do turismo cabo-verdiano. O avanço da plataforma fará com que qualquer empreendimento turístico nacional, seja ela, micro, pequeno, média ou grande, acabe por ter um componente desta Plataforma Internacional de Saúde”.

Inocêncio avança que a dimensão e a criação da referida plataforma está intrinsecamente ligada à criação do Banco de Fomento em Cabo Verde, uma vez que esta entidade financeira se destinaria a todos os sectores de vocação de Cabo Verde e teria uma forma “concreta de abordar os créditos as empresas, com especialização adequada, próprias e convenientes a cada empresa”. E ressalva que o país tem acesso aos fundos internacionais que lhe permite alimentar este tipo de Instituição bancária.

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 723, de 08 de Julho de 2021

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