Na ilha do Sal, a mais turística do país, cerca de 400 famílias vivem dos táxis e das corridas diárias. Com a pandemia, as receitas caíram quase 90%. Agora, com a vacinação em massa a decorrer na ilha e as formações recebidas, os profissionais do ramo dizem-se confiantes na retoma do turismo e assim dos seus rendimentos.
Os 300 taxistas que receberam formação nas línguas inglesa e francesa, higiene e segurança sanitária e outros domínios, visando a prestação de um serviço de melhor qualidade aos turistas no pós-pandemia, acreditam que a classe está, doravante, mais preparada para oferecer um melhor serviço.
Quem o diz é o presidente da Associação de Taxistas do Sal, Adalberto Silva. “As formações que recebemos foram e são de grande ajuda. Sabemos como proteger-nos e proteger os nossos clientes.
Portanto, agora é esperar que a vacinação esteja completa na ilha para que os turistas possam visitar-nos e com isso melhorar a situação difícil que nos encontramos”.
Taxistas devidamente identificados
Adalberto Silva avança ainda que, até Agosto, perspectiva-se ter todos os taxistas da ilha devidamente identificados para que as pessoas se sintam mais seguras e que a classe seja valorizada.
“Temos uma parceria com a Câmara Municipal do Sal com a qual estamos a tratar dos crachás e dos uniformes (camisas pólos) para os taxistas cadastrados, a fim de evitar que situações de violações e outras violências ocorrem nos táxis, como já aconteceu.
Qualquer um que chegue à ilha do Sal, mesmo tendo carteira profissional, tem de cadastrar-se primeiramente na associação e depois apresentar todos os seus documentos na Câmara Municipal para a partir de aí ser validado e começar a trabalhar em táxis”, explica Adalberto Silva ao A NAÇÃO.
“Devemos estar apresentáveis”
O taxista Emerson Fonseca, com mais de 23 anos de experiência, diz que a classe tem lutado há vários anos para que os seus membros disponham de identificação e de trajes apropriados e que finalmente isso vai acontecer.
“Nós trabalhamos com o público, somos o cartão postal da nossa ilha e, por isso, devemos estar apresentáveis”, congratula-se, enquanto profissional e presidente da assembleia da Associação de Taxistas do Sal.
Domingos Lima, com 21 anos a percorrer as estradas do Espargo, é outro taxista da ilha, que já se encontra vacinado e de “olhos no futuro”. “Estamos a sobreviver só com os clientes nacionais, sem turistas.
O trabalho já melhorou bastante, face aos meses anteriores, mas nada que se compare às ‘corridas’ que fazia há mais de um ano. Espero que até Outubro, época alta do turismo aqui no Sal, estejamos todos vacinados para que a vida comece a voltar ao normal. Estamos preparados para receber os turistas e fazer um bom trabalho, mais do que nunca”, assevera.
Formação de taxistas em todo o país
A formação de taxistas enquadra-se no âmbito do Projecto de Competitividade para o Desenvolvimento do Turismo e está a ser ministrada em todas as ilhas.
O objectivo é preparar estes profissionais para a retoma do turismo. Além das formações, a população adulta, maiores de 18 anos, das ilhas do Sal e da Boa Vista, conforme anunciado pelo ministro da Saúde, Arlindo do Rosário, será vacinada antes de Agosto para garantir a retoma turística, visto que a vacinação é a condição estabelecida pelos países europeus para que os seus cidadãos visitam o país.
As previsões oficiais apontam que a procura turística no país deverá ter recuado em 2020 a níveis de 2009, devido à pandemia de covid-19, com a perda de 536 mil turistas, menos 58,8% face à expectativa inicial do Governo.
Todas as ligações aéreas internacionais para Cabo Verde foram suspensas a 19 de Março de 2020, por decisão do Governo, acabando abruptamente o negócio do turismo, também para o Sal, cujo aeroporto movimentava um milhão de viajantes por ano e sustentava quase 400 familias, que vivem de ‘corridas’ nos taxis.
Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 721, de 24 de Junho de 2021
