Acabou por não se realizar o voo da TACV/CVA, que marcava a retoma das operações da companhia, e que ia ligar Sal/Lisboa, às 9h15 da manhã. Depois de várias horas em atraso, devido ao facto da ASA não ter autorizado a realização do voo, o mesmo acabou por ser cancelado. O Presidente do Conselho de Administração da Companhia desmente os rumores de dívidas à ASA e fala em falta de coordenação.
Os únicos quatro passageiros que se encontravam no avião rumo a Lisboa, foram encaminhados para um hotel, por volta das 17h, conforme avançou a RCV.
Mais uma vez, Erlendur Svavarsson, justificou o cancelamento com problemas de “coordenação” entre ASA e CVA e pediu desculpas aos passageiros no Sal e Lisboa, e disse que estavam a ser “bem cuidados”.
“Muito tempo sem operação ainda temos mais alguns sobressaltos que possam vir pelo caminho, mas pensamos que tudo ficará resolvido muito em breve. A ASA e a CVA tem um histórico de boas relações e acreditamos que vamos ultrapassar este pequeno percalço e iremos dar continuidade às nossas actividades”, afirmou, citado pela RCV.
O mesmo descartou rumores de dívidas à ASA e disse que todas as contas relativas a este voo foram “pagas” e que “não há qualquer dívida pendente relativamente a este voo” e que o cancelamento, “não tem nada a ver com qualquer outra dívida”. Não foi avançado qualquer outro pormenor sobre a reposição deste voo de retoma.
Histórico
Recentemente, a administração da empresa havia comunicado que de 28 de Junho até 28 de Março de 2022, irá operar quatro voos semanais entre Praia/Sal e Lisboa às sextas e segundas-feiras; um voo semanal para e de Sal/Praia/Boston às terças com regresso às quartas-feiras e um voo semanal para e de Sal/São Vicente/Paris aos sábados com retorno aos domingos. Segundo fontes do A NAÇÃO, no próximo dia 29 de Junho está previsto um voo Praia-Boston e a 13 de Julho um voo que vai ligar São Vicente a Paris.
A retoma da companhia está a ser seguida de uma série de novas medidas, que se prendem com a reestruturação da empresa, tendo, conforme já anunciamos antes, sido comunicado ao presidente do Sindicato dos pilotos, Paulo Lima, que 40% desses profissionais vão ser despedidos (ou dispensados, como prefere designar a companhia). Apenas nove haviam sido chamados para a retoma, num horizonte de cerca de 48 pilotos.
A medida de “dispensa”, mal-aceite no seio da classe, que fala em “favorecimento” de alguns desses profissionais, deve abranger perto de 18 pilotos, especialmente aqueles que se encontram em idade de pré-reforma e os contratados mais recentemente, antes da pandemia. Não estão abrangidos os pilotos em cargos de chefia.
O Sindicato espera “rigor” no cumprimento da lei. Isto quando a companhia avançou que ia traçar um plano para abranger os pilotos que se enquadram no perfil da pré-reforma. Um processo que não será fácil, tendo em conta que pilotos e administração estão de costas voltadas.
O despedimento dos 40% desses efectivos, alegou a companhia, prende-se com a “redução do volume de negócio provocado pela pandemia da covid-19”, dado que, em “consequência” a companhia “passará a operar com apenas duas aeronaves”.
Contudo, a administração afirma que aproveitou esta paragem “forçada” pela pandemia para se “reorganizar, treinar as suas equipas e implementar um novo sistema de vendas”, entre outras coisas.
De referir que a TACV/CVA esteve parada desde março de 2020, ou seja, mais de um ano, com vários problemas financeiros, com o Governo a ter de injectar mais capital na empresa, através de avales do Estado, para operacionalizar e viabilizar a retoma.
Só este ano, o actual Governo já emitiu avales na ordem dos 550 mil contos, estando previsto injectar mais 30 milhões de euros, até final de Julho próximo.