O projeto da empresa de água e energia, AquaSun, de modernização da agricultura, no município do Porto Novo, em Santo Antão, pode gerar cerca de 300 postos de trabalho neste concelho. Os investimentos previstos, em 35 milhões de euros, abarcam a produção agrícola e a transformação de produtos.
Trata-se de um projeto considerado “altamente tecnológico” pelos investidores e que, para além da produção própria, obedecendo regras certificadas de produção, vai também implementar um centro de transformação agroindustrial no município do Porto Novo.
A iniciativa pretende gerar cerca de 300 postos de trabalho, entre agricultores, técnicos, colaboradores e transformadores, sendo que o objetivo é que mais de 30% dos funcionários sejam mulheres, assente no principío da igualdade de género.
O projeto de desenvolvimento sustentável e semi-industrial pretende mobilizar água para rega e agropecuária através da dessalinização da água do mar e produção de energia renovável. Para isso, está em carteira a construção de um parque solar híbrido integrado a uma central de baterias e centros agroindustriais e hidropônicos.
Agricultores divididos
As localidades de Casa do Meio, Lajedos e Ponte Sul, em Porto Novo, potencialmente agrícolas, são beneficiárias deste projeto. Nesse caso a empresa irá arrendar os terrenos dos agricultores para o cultivo de uma produção própria, tecnológica e moderna. Entretanto, os agricultores reconhecerem a ousadia da iniciativa, mas há alguns que se encontram divididos e com um pé atrás.
Isto porque esperavam que a empresa adquirisse a produção local e não implementasse a sua própria produção. É o caso do agricultor Augusto Fortes, de Ponte Sul, que não vê muitas vantagens do projeto para os agricultores da localidade. Até porque, ao arrendarem os terrenos, os agricultores ficam sem terreno para produzir, como é lógico.
Contudo, o presidente da AquaSun, António Osório, reforça a ideia de que não se pretende adquirir a produção dos agricultores, já que a ideia do projeto é modernizar a agricultura com técnicas próprias e certificadas.
“Todo o processo, desde as sementes, aos fertilizantes, gestão da produção, mobilização de água, gestão dos centros agroindustriais e tratamento, é certificado. Temos que produzir os produtos de acordo com determinados requisitos. Não podemos adquirir a produção dos agricultores porque não sabemos como foi feito o cultivo, nem das técnicas utilizadas”, explica.
Os alimentos produzidos pela AquaSun, e que estão livres de embargo, serão escoados para o mercado nacional e os alvos de embargo serão transformados em Santo Antão em doces, compotas, batata pré-frita, entre outros.
Aliás, o combate à praga dos mil-pés é também uma das prioridades do projeto, com a introdução de culturas biológicas, sem utilização de pesticidas, rotação de terrenos e monitorização do solo. Pretende-se também aprofundar as investigações sobre a praga com a instalação de um laboratório em Porto Novo, em parceria com universidades e institutos.
No momento a empresa está à espera de fechar os contratos de financiamento para arrancar com o projeto e espera-se que as obras durem um ano.