Um grupo de linguistas entregaram, esta quinta-feira (10) ao Primeiro-ministro, uma petição com mais de 200 subscritores, que incentivam a mudança da política linguística em Cabo Verde. A prioridade é a oficialização da língua cabo-verdiana.
Conforme a porta-voz dos promotores da petição, a linguista e professora universitária Karina Moreira, a entrega do documento a Ulisses Correia e Silva visa a oficialização do crioulo.
De entre os assuntos tratados na petição, os subscritores defendem um estatuto da língua cabo-verdiana que, conforme a linguista, está previsto na Constituição da República.
“A Constituição prevê que todas as línguas presentes no território tenham o mesmo estatuto. Neste caso, se o português é a língua oficial, o crioulo assim o é”, defendeu Moreira
Além disso, os promotores sustentam que a introdução da língua cabo-verdiana no sistema de ensino trará benefícios, pois, segundo afirmam, há estudos nos campos da psicolinguística e da neurolinguística que mostram vantagens em iniciar o processo ensino/aprendizagem das crianças na língua materna.
Na petição consta, ainda, um investimento “concreto” na produção na língua cabo-verdiana o que promoverá a investigação e produção científica escrita na língua cabo-verdiana.
A linguista defende que todas as línguas têm variantes, e sendo assim a padronização não é um impedimento.
“Todas as línguas no mundo têm variantes. Não é por uma língua tem muitas variantes que deixa de ter uma norma. E essas variantes são mais parecidas entre si do que se diferem”, acrescenta Moreira que lembra da falta de materiais devido à falta de verbas, “e para se ter verbas o tema tem que constar do Programa de Governo, que é quem orçamenta”.
Não obstante as experiências-piloto já realizadas em Cabo Verde, a professora universitária argumenta que deve-se aproveitar os resultados positivos das experiências realizadas em outros países bilíngues e reproduzi-los no país.
Os promotores da petição para mudança da política linguística cabo-verdiana, ora entregue ao Chefe do Governo, asseguram que vão continuar a socializá-la com outras entidades nacionais.
A mesma petição já havia sido entregue ao Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca.
C/RCV