Dois jornalistas espanhóis foram assassinados no Burkina Faso. David Beriain e Roberto Fraile estavam desaparecidos, desde segunda-feira (26).
A informação, segundo o site Observador, foi avançada inicialmente por Arancha González Laya, ministra dos Negócios Estrangeiros de Espanha, conta o El País. Os dois repórteres viajavam com um grupo, no qual também estava um cidadão irlandês, e foram atacados por um bando de homens armados. As mortes foram reivindicadas pelo movimento terrorista Grupo de Apoio ao Islão e Muçulmanos (JNIM).
O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, também confirmou o ocorrido, através da sua conta do Twitter, reconhecendo “todos aqueles que, como eles, fazem diariamente um jornalismo corajoso e essencial nas zonas de conflito”.
David Beriain, nascido em Artajona, Navarra, tinha 43 anos, e Roberto Fraile, nascido em Barakaldo, Bizkaia, tinha 47.
O ataque ocorreu pelas 9h00 locais de segunda-feira,26, na estrada entre Fada N’Gourma e Pama. Os dois jornalistas estavam no local a filmar um documentário sobre a luta das autoridades do Burkina Faso contra a caça ilegal. Os dois homens estavam a captar imagens com um drone quando o ataque começou.
A Embaixada da Espanha no Mali, credenciada no Burkina Faso, está em contacto com as famílias dos dois jornalistas.
“É uma área perigosa, um campo comum para grupos terroristas e bandidos”, disse González Laya.
O JNIM, uma coligação de grupos jihadistas liderados pelo terrorista Iyad Ag Ghali e ligado à Al-Qaeda, enviou uma mensagem de áudio na qual alega que é responsável pelo ataque.
O ministro da Comunicação e porta-voz do governo do país, Ousséni Tamboura, atribuiu o atentado a “terroristas”, mas ainda não disse a que grupo pertenciam.
David Beriain trabalhava há vários anos em zonas de conflito e era especializado em documentários. Ao longo da sua carreira, trabalhou no Iraque, no Afeganistão, República Democrática do Congo, Sudão, Líbia, México, Colômbia e na Venezuela. A sua reportagem “Dez dias com as FARC” foi a vencedora do prémio José Manuel Porquet de jornalismo digital 2009. O seu documentário “The Kidnapping Business in Venezuela” foi indicado, em 2019, para o RealScreen Awards.
Roberto Fraile era um operador de câmara que também trabalhava há vários anos em zonas de conflito, tendo trabalhado em zonas como Aleppo, na Síria, onde foi ferido após a explosão de uma granada.
O Burkina Faso está, desde abril de 2015, a combater os terroristas afiliados à Al-Qaeda. Como conta a Lusa, no Burkina Faso há mais de um milhão de deslocados internamente, o que significa um em cada 20 habitantes, naquela que é considerada a crise de refugiados com um crescimento mais rápido no mundo.
C/ Observador