O iate “Epinício”, apontado como aquele que fez o descarregamento da droga, vai ser visitado pelo Tribunal nesta tarde de terça-feira.
A solicitação da visita, que acontece por volta das 14h30, foi feita pelo advogado de defesa Félix Cardoso que defende o arguido José Villalonga, este que foi apontado como sendo dono da referida embarcação que supostamente terá feito o descarregamento dos 521 quilos de cocaína, numa das praias de Salamansa.
A embarcação encontra-se neste momento atracada no cais do Porto Grande, no espaço da Guarda Costeira e foi levada para o local pela Polícia Judiciária (PJ) no dia do flagrante, depois que foi feita o seu check in na Marina do Mindelo, tendo com tripulantes Juan Bustus e o irmão Félix Bustus e ainda Carlos Ortega.
Este quarto dia de audiência fica ainda marcado pela manifestação do Ministério Público (MP) que respondendo a uma acusação da defesa, na última sexta-feira, de que o Ministério Público estaria a omitir “factos importantes” ao não inserir no processo os relatórios da investigação da PJ. Assim respondendo O MP confirma que os referidos relatórios foram juntados ao processo e se não estão nos autos a culpa não seria da MP. “Para que a culpa não paira sobre os ombros da MP, porque o queremos é fazer justiça”.
O MP decidiu ainda mostrar indignação relactivamente ao comportamento do advogado de defesa, Félix Cardoso, que acreditam que durante o depoimento ontem de Félix Bustus, em vez de deixar a testemunha falar decidiu fazer uma correcção que esta não tinha dito. Segundo o MP, Félix Cardoso mostrou depois um comportamento “ de ameaça” que vai contra as relações no tribunal que devem palpar pelo “respeito, lealdade e urbanismo”. Algo que o referido advogado respondeu que sempre foi “ rigoroso, combativo, e respeitador da pessoa”.
Na segunda reação, o advogado de defesa afirmou que quando consultaram o processo os relatórios não estavam, nem antes da ACP, nem na ACP e nem agora . “O MP reconhece que os relatórios nunca estiveram, mas agora se está a querer passar a bola para o Tribunal é outra coisa”, afirma Félix Cardoso, acrescentando que a defesa está procura da verdade, o que implica ter todas as peças processuais. Entretanto, segundo o mesmo causídico, a defesa tem conhecimento que o MP mandou retirar esses relatórios “através de despachos ilegais”, porque estes “falavam a verdade e contrariavam a realidade da acusação”.
Como forma de acalmar os ânimos, Antero Tavares, que está sempre a chamar atenção para a questão de respeito e que se continuar vai ser forçado a fazer uso dos poderes que a lei lhe confere. “Como diz o grande escritor as mentes grandes discutem ideias, as medianas factos e eventos e as pequenas pessoas”, refere.
Durante a audiência foram ainda ouvidos algumas testemunhas da parte da defesa dos arguidos Ariel, como a sogra e o cunhado, de amigos de Villalonga, inclusive um, Juan Carlos Gonçalo, que diz ser seu o número de telefone que a PJ apontou como sendo de Juan Bustus quando telefonava a Villalonga. A defesa do cabo-verdiano Alexandre Borges propôs duas testemunhas, que foram as últimas a serem ouvidas nesta manhã, um funcionário dele que fazia os despachos alfandegários dos produtos alimentares e o amigo Alcindo Amado.
A audiência foi suspensa por cerca de uma hora para aguardar a chegada de duas outras testemunhas, também propostas pela defesa, que chegariam de barco de Santo Antão, por volta das 11h30, testemunhas essas que não apareceram. Na sessão o Juiz decidiu que se vai ouvir outras testemunhas que estão na cidade da Praia, entre estas o antigo director da PJ-André Semedo, através de vídeo-conferência. Essa diligência que será ainda concertado com a Procuradoria da Praia. A audiência volta à tarde.
O julgamento do Perla Negra vai ser retomado no dia 5 de Novembro
Perla Negra: Embarcação Epinício vai ser visitada
Por
Publicado em