Janira Hopffer Almada, cabeça de lista do PAICV, para Santiago Sul, às eleições legislativas do próximo dia 18 de Abril, diz partir para este embate político com “grande serenidade” e o sentimento de que hoje os cabo-verdianos a conhecem “melhor”.
“Eu vou para estas eleições com uma grande serenidade. A serenidade de ter feito durante estes cinco anos, na oposição, o melhor que sabia e que podia, chegando ao limite das minhas forças. Mas, sobretudo falando sempre a verdade e com muita liberdade. Acho que há uma dimensão da liberdade que só a honestidade é que nos dá. Nunca deixei de fazer um pronunciamento, em que eu não tenha acreditado, de facto. Defendi aquilo que eu ouvi do povo, mesmo não agradando a toda a gente, muitas vezes, mas o meu compromisso foi ser a voz daqueles que não podem falar, muitas vezes. Portanto é com esta serenidade que eu vou”, disse esta semana aos jornalistas Janira, antes do arranque da campanha.
A líder do PAICV, que em 2016, perdeu a liderança do país, para Ulisses Correia e Silva, garante que estes cinco anos foram “muito importantes”, no seu percurso, que culmina com a candidatura a que se apresenta hoje, porque, como diz “permitiu aos cabo-verdianos fazer a avaliação do seu próprio desempenho.
“Estar na situação e estar na oposição é diferente. Eu senti que as pessoas acompanharam muito o que aconteceu no Parlamento durante estes cinco anos, acompanharam as lutas de uns e de outros, acompanharam o trabalho de terreno, as dificuldades e adversidades que uns e outros tiveram de enfrentar. Hoje, acho que as pessoas me vêm de outra forma. Acho que muita gente, antes, não me conhecia. O que é normal. De vez em quando vemos uma pessoa na televisão a falar e criámos uma ideia que nem sempre é a ideia mais abonatória. Mas penso que as situações de dificuldade criaram condições para que as pessoas analisem o outro com mais profundidade”, explica.
Por isso, o sentimento que tem agora é que as pessoas passaram “a conhecer nestes cinco anos uma outra Janira, que não conheciam”.
Estes cinco anos de oposição, explica, foram uma oportunidade também para a própria melhorar como ser humano.
“Eu assumi na noite eleitoral (março 2016) o resultado das eleições. Porque eu penso que temos que estar com ética na política e não podemos só aceitar resultados quando ganhamos. Penso que os resultados devem ser respeitados em caso da vitória ou derrota. Eu não escolhi pensar que o povo decidiu mal, eu decidi ver a onde é que eu falhei. Porque eu não posso mudar os outros, mas eu posso melhorar a Janira. E tentei ver o que é que eu posso melhorar e a onde é que foram as minhas falhas”, admite
A líder do PAICV, diz que quando se perde eleições as pessoas têm de fazer uma auto-avaliação, porque o exercício mais fácil é sempre culpar o outro.
“O exercício mais difícil, é ver onde é que nós erramos. Porque onde nós erramos nós podemos corrigir, muito mais facilmente. E procurei conhecer muito melhor, ainda mais a fundo, o Cabo Verde real”.
Depois de ontem ter estado em Santiago, em algumas atividades, no arranque simbólico da campanha, hoje a líder do PAICV ruma ao Fogo, mas mantém suspensas as actividades de campanha eleitoral, que serão retomadas este sábado, 3, em respeito à Semana Santa, à semelhança daquilo que outros partidos estão a fazer.
O PAICV concorre a todos os círculos eleitorais do país e da diáspora.