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Cultura

Cidade Velha: Fortaleza Real de São Filipe ao abandono

“Destruído e abandonado” é o estado em que se encontra a Fortaleza Real de São Filipe, na Cidade Velha, segundo um alerta publicado no Facebook pelo internauta e repórter de imagem Pedro Moita. Estado esse comprovado com fotografias tiradas no local, pelo próprio. Contactado, o IPC atribui as responsabilidades à empresa gestora  – PROIMTUR –  enquanto esta alega que as imagens não são actuais, mas sim de Outubro do ano passado, altura em que o espaço foi assaltado e vandalizado. Pedro Moita assegura que as fotos foram tiradas a 29 de Janeiro.

Um dos mais importantes monumentos do país, e o único Património Imaterial da UNESCO em Cabo Verde, está voltado ao abandono. O Centro Interpretativo do Forte encontra-se de portas fechadas e sem ninguém para receber os visitantes, segundo denunciou o internauta Pedro Moita na sua página de Facebook.

O post suscitou críticas da sociedade civil contra o IPC, em particular, mas também contra o Ministério da Cultura e Indústrias Criativas, com vários internautas a reagirem, incrédulos, ao estado de conservação do monumento.

“Muito triste e desagradável saber que um dos lugares mais históricos de Cabo Verde está desta forma, largado à própria sorte. Onde está a Câmara (da Ribeira Grande de Santiago), o Instituto do Património Cultural (IPC) e, o mais importante de todos, o Ministério da Cultura”, questionou o internauta Sócrates Silva, em resposta ao post de Pedro Moita.

De entre as várias reações está ainda a da directora do Centro Cultural Brasil – Cabo Verde, Marilene Pereira, que considera que “não há compromisso a sério com o pouco património deste país”. “Daqui a pouco convencem um parceiro internacional, desses que tem recursos fáceis, a pôr mais dinheiro”, comentou Marilene Pereira.

Após a publicação, o próprio IPC pronunciou-se na sua página oficial do Facebook, atribuindo as responsabilidades à empresa espanhola PROIMTUR, gestora do espaço e acusando o repórter de denegrir a imagem da instituição. O post, entretanto, foi apagado de seguida pelo IPC.

“Curioso ver como o IPC reage mal a uma reação de um cidadão de um estado livre e democrático. (…) Não teci qualquer comentário pejorativo a nenhuma instituição. (…) Pergunto eu: se fosse um turista a fazer semelhante post teria merecido a mesma resposta da vossa parte?”, indaga Pedro Moita, questionando o IPC.

IPC recusa responsabilidades

Procurado para se pronunciar sobre o assunto, o presidente do IPC, Jair Fernandes, remeteu-nos para a PROIMTUR, empresa que, segundo diz, tem um contracto de concessão com o Estado, desde 2006, e sobre a qual recai a responsabilidade de gestão e manutenção do circuito da Cidade Velha.

PROIMTUR

Por sua vez, contactada, a PROIMTUR, na pessoa de Júlio Martins, alega que as imagens publicadas na sexta-feira, 12, não são actuais.

“As imagens são de Outubro de 2020, altura em que houve um assalto no local e que explica também a porta arrombada”, diz Júlio Martins.

Por outro lado, acrescenta, os escombros presentes no local resultam de obras realizadas, na mesma altura, pelo próprio IPC.

Já em relação à falta de um funcionário no local para receber os visitantes, Martins explica que a empresa está em regime de layoff, motivo pelo qual não pode suportar esse encargo com um funcionário, no momento.

De notar que Pedro Moita garantiu que as fotos, que demonstram o estado de abandono da Fortaleza Real de São Filipe, foram captadas a 29 de Janeiro.

Contudo, não deixa de ser pertinente questionar se o espaço foi assaltado e vandalizado em Outubro de 2020, e as fotos de Pedro Moita datam de 29 de Janeiro, como é que então nada foi feito para recuperar, ou limpar o lugar, em 5 meses, depois do assalto.

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