A escolha do espanhol Alejandro Pazo, para dirigir o Complexo de Frio no Porto Grande, em São Vicente, está a gerar desentendimentos entre as empresas que compõem o consórcio. Alegadamente, esse gestor não deixou boas recordações da sua passagem pela Frescomar, empresa detentora de 30 por cento (%) da capital daquela infra-estrutura, e, por isso, “Pazo nem pintado de azul”.
O consórcio espanhol formado pelas empresas ATMLO, Frigorífico del Grove e Frescomar, assumiu, neste mês de Setembro, a direcção do Complexo de Frio do Porto Grande, no Mindelo. No entanto, as águas mostram-se um tanto ou quanto agitadas, muito por causa da escolha do nome para administrador do complexo: Alejandro Pazo. Este gestor, que se encontrava nos últimos tempos na África do Sul, trabalhou na Frescomar, não tendo, ao que tudo indica, deixado boas recordações.
De acordo com a nossa fonte, a crispação em torno de Pazo é tanta que a reunião para a sua apresentação, como administrador do Complexo de Frio, que aconteceu em Agosto passado, no Mindelo, e na qual esteve presente a Frescomar, terminou num duro bate-boca.
Conforme uma outra fonte, o impasse obrigou Alejandro Pazo, que chegara logo a fazer mudanças no interior do empreendimento, a parar com os trabalhos e aguardar que tudo fique mais claro em relação ao seu papel.
Aliás, a resistência da Frescomar em relação a Alejandro Pazo é apontada, também, como umas das razões de o Complexo de Frio ter estado parado nas duas últimas semanas de Agosto, justamente com o período de defeso para a desova de algumas espécies, como a cavala, e ainda a baixa da procura de clientes internacionais, que terá um novo pico no mês de Novembro.
Facto consumado
No entanto, mesmo com o amargo da boca da Frescomar, confirma-se Alejandro Pazo como director do Complexo de Frio, uma indigitação que, segundo uma fonte do A NAÇÃO, poderá ser por apenas três meses, a contar de 1 de Setembro. A nossa reportagem abordou esse director, por telemóvel, sobre o assunto da sua nomeação e ainda sobre os planos para a sua directoria, mas o mesmo recusou-se falar sobre ambos.
Por outro lado, tentamos também falar com os responsáveis da Frescomar sobre a questão, no que chegamos à fala com um dos seus responsáveis, Manuel Monteiro, mas este afirmou desconhecer o assunto, e que, por isso, teria que se inteirar junto da direcção para saber dos detalhes. No entanto, até o fecho desta edição, não tivemos retorno.
Centenas de postos de trabalho
A infra-estrutura de frio enquadra-se no ãmbito do “Cluster do Mar” e substitui a ex-Interbase, devorada por um incêndio, a 9 de Setembro de 2008. Propriedade da Enapor, a sua construção está orçada em cerca de 12,7 milhões de euros e foi co-financiada pelos governos da Espanha e de Cabo Verde. Foi inaugurada em Abril deste ano. Para a sua gestão, por via de concessão, a Frescomar responde com 30% do capital social, os armadores (44%) e a parte comercializadora (26%).
Moderno, o complexo é constituído por quatro edifícios, nomeadamente, de armazenamento de peixe, de tratamento e congelação de produtos perecíveis, de processamento e tratamento de pescado e fábrica de gelo, para além de um edifício para escritórios. A infra-estrutura aumenta a capacidade de refrigeração de pescado, carnes e legumes no mercado mindelense, em três mil e 700 toneladas, distribuídas por câmaras de diversos tamanhos.
Destas três mil e 700 toneladas, três mil e 500 serão destinadas a produtos congelados e as restantes para frutas, legumes, etc. Poderá empregar até 250 pessoas, quando estiver a laborar a 100% de capacidade, com dois turnos de trabalho por dia.
Complexo de Frio do Mindelo: Frescomar em guerra aberta contra gestor espanhol
Por
Publicado em