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Sociedade

Ângela Mendes, “camera woman”, nascida a 20 de Janeiro de 1991: Heroína (quase) como Cabral

Ângela Belita Cabral Mendes, nascida na Praia, a 20 de Janeiro de 1991, sente-se especial por ter nascido no Dia dos Heróis Nacionais. Amílcar Cabral, para esta “camera woman” da RTC em Santiago Norte, é uma das suas maiores referências.

Aos 30 anos, Ângela Mendes diz que se sente “especial” por estar pessoalmente “associada”, por força do destino, ao 20 de Janeiro, Dia dos Heróis Nacionais, data da morte de Amílcar Cabral, assassinado em Conakry, em 1973.

Sendo assim, ela própria, Belita, sente-se uma “heroína” no que faz, numa área profissional dominada por homens, esperando com o seu exemplo motivar “outros jovens cabo-verdianos, em especial as mulheres”.

“Venho de uma família humilde, sem a presença paterna porque o meu pai era emigrante; éramos cinco irmãos para serem cuidados pela minha mãe, sozinha. Passei por muitas dificuldades, cresci num meio problemático cheio de vícios como droga, prostituição, vandalismo, entre outros. Nada disso me impediu de seguir o meu sonho de me formar em jornalismo e ser uma das pioneiras na área de repórter de imagem em Cabo Verde”.

A entrevistada do A NAÇÃO recorda o dia em que entrou no mercado de trabalho, sem saber ao certo o que a esperava. “Na altura, éramos duas jovens nesta área. Por ser um sector muito procurado pelos homens não foi fácil triunfar, mas a minha persistência, coragem e força de vontade fizeram com que eu conseguisse conquistar o meu espaço”, completa a jovem, “camara woman” da Delegação da RTC em Santiago Norte.

 A data para além do aniversário…

Olhando agora para o 20 de Janeiro, para além de ser o dia do seu aniversário, Belita diz que cresceu a ouvir histórias sobre Amílcar Cabral que a ajudaram a entender a importância dessa data para a história da Nação Cabo-verdiana. Contudo, quando cresceu, “com base nos livros de grandes escritores, li histórias que aprofundaram o significado deste dia, sobretudo as contadas pelos próprios combatentes. Para mim, nem tudo é claro, já que sobre determinados acontecimentos há, por vezes, mais de uma versão”.

Hoje, com mais conhecimentos da vida, confessa não ter palavras para definir Amílcar Cabral e o seu lugar na história de Cabo Verde. Ainda por cima, “além da data de nascimento, tenho Cabral no meu apelido e no coração”.

Ângela Mendes Cabral diz que gostaria que o 20 de Janeiro fosse celebrado fora dos “parâmetros” partidários, uma vez que sendo um marco histórico a data é de todo o povo cabo-verdiano e de ninguém em particular.

“Fico triste quando vejo os partidos políticos a discutirem datas como esta, esquecendo-se que somos um só povo e partilhamos a mesma História. Não importa que partido fez o quê, o que importa é o resultado que cada um conseguiu para o bem colectivo, mas também para a união entre os cabo-verdianos. Foi por desejar uma vida melhor para o seu povo, em Cabo Verde e na Guiné, que Amílcar Cabral acabou por morrer. Para mim, isso é suficiente para ele merecer o respeito e a consideração de todos nós, independentemente do partido de cada um”, conclui Ângela Belita Cabral Mendes. 

(Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 699, de 21 de Janeiro de 2021)

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