Os 11 sobreviventes do naufrágio do navio “Vicente” ainda estão sem indemnização, passados seis anos desde a tragédia.
A informação foi avançada pelo representante legal das vítimas do naufrágio, Cirilo Cidário, em declarações à Inforpress.
Sendo um processo judicial, o caso dos 11 sobreviventes ainda decorre na Procuradoria da República, segundo informações prestadas por esta fonte.
“Há cerca de dois meses que fui contactado pela Procuradoria e dei-lhes algumas informações para poderem dar seguimento”, explicou o representante, que aproveitou para esclarecer que “o processo ainda não está concluído”, tal como “tem dito o ministro do Estado, Fernando Elísio Freire, há dois anos”.
Conforme Cirilo Cidário, o governante “tem vindo a dizer que o processo está todo resolvido, mas não é verdade”.
Os sobreviventes, adiantou, “nunca tiverem qualquer apoio”, apesar de “terem perdido todos os seus vencimentos que tinham no barco na altura”.
Cirilo Cidário informou que duas famílias chegaram a receber a pensão de 20 mil escudos atribuída pelo governo, mas somente em Agosto de 2020 e após “uma grande luta”.
Conforme a mesma fonte, além dos 11 sobreviventes, mais duas famílias, que perderam entes queridos no acidente, não foram contempladas com o subsídio.
“Das 26 pessoas que deveriam receber uma compensação do Estado, 13 famílias foram contempladas com um subsídio de 20 mil escudos mensais, faltando ainda duas famílias, a mulher e a filha do capitão do navio, que vivem em Cuba, e os familiares do marinheiro Claudino, que também deixou uma mulher e um filho deficiente em São Vicente”.
Neste sentido, o representante legal das vítimas pediu que se agilize o processo dessas duas famílias porque, sentenciou, “elas têm direito a esse subsídio, uma vez que está publicado”.
O mesmo pedido fez em benefício dos sobreviventes para “redimir o sofrimento das famílias” porque, ajuntou, “se é difícil viver com pouco, mais difícil é viver sem nada”.
Histórico
O navio “Vicente” afundou-se a 8 de Janeiro de 2015, por volta das 22 horas, a quatro milhas do porto do Vale dos Cavaleiros, na ilha do Fogo, com 26 pessoas a bordo, entre tripulação e passageiros.
A embarcação tinha inicialmente saído de São Vicente com 168 passageiros à bordo e 153 toneladas de carga. Fez escala no Sal e saiu no dia 6 para a Praia com 149 passageiros e 193 toneladas de carga, apenas com a máquina de estibordo a funcionar.
No dia sete o navio sofreu um corte geral de energia devido à avaria dos dois geradores. As máquinas pararam, o navio ficou à deriva. No porto da Praia um gerador foi reparado.
Da Praia o navio saiu sobrecarregado para a ilha do Fogo, tendo cerca de 121 toneladas de carga acima do peso permitido e 26 pessoas à bordo, entre passageiros e membros da tripulação.
O barco estava sobrecarregado, com problemas de comando, nos motores principais, nos geradores. Apanhou mau tempo, afundou-se, segundo dados dos relatórios do acidente.
O balanço final deste “trágico acidente” foi 15 mortos (sendo 14 desaparecidos e um cadáver que foi encontrado) e 11 sobreviventes.
C/ Inforpress