Os cabo-verdianos residentes nos EUA (Estados Unidos da América) não afinam pelo mesmo diapasão, mas a maioria dos entrevistados do A NAÇÃO “torce e espera” que a dupla Joe Biden/Kamala Harris saia vencedora do pleito de terça-feira, 3 de Novembro.
Wilson Fernandes é cabo-verdiano, vice-presidente Regional da “Primerica Services” (uma Empresa de Assessoria Financeira), espera que o republicano Donald Trump – o Presidente-cessante – saia vencedor do pleito desta terça-feira, 3. “Biden pode ganhar o voto popular, mas, provavelmente, não conseguirá o colégio eleitoral”, prognostica.
Por sua vez, o economista Tony Araújo, residente em Boston, no estado de Massachusetts, palpita que o democrata Joe Biden será eleito como o novo Presidente dos EUA.
“Ele é mais carismático, melhor líder e está melhor posicionado para liderar um país que enfrenta grandes dificuldades económicas tais como: alto número de desemprego e uma pandemia que já resultou em mais de 235 mil mortes”, realça Araújo, frisando que a maioria dos eleitores quer um novo tipo de liderança.
“Em relação à comunidade cabo-Verdiana, a maioria, aliás, à semelhança dos outros imigrantes, tendem votar a favor do Partido Democrata e do ‘ticket’ Biden/Harris, já que, “o programa e a plataforma eleitoralis desta chapa tendem favorecer os imigrantes, designadamentes, nos itens da política migratória, educação e saúde”.
“Maioria no Senado e no Congresso”
Jorge Soares, jornalista, com residência em Orlando (na Flórida), está “torcendo” por uma vitória do Partido Democrata, não só com Joe Biden na Casa Branca, mas, também, com uma maioria no Senado e no Congresso.
“É dessa forma que poderemos ver mudanças, combater covid-19, consolidar a economia e erguer uma série de poliíticas mais humanas”, sentencia Soares.
Dos diálogos que tem tido com os compatriotas e pessoas próximas, Jorge Soares vê um crescente engajamento da comunidade cabo-verdiana nestas eleições.
“A nossa nossa comunidade, pouco a pouco, está conquistando e consolidando o seu espaço na política norte-americana”, avalia Soares.
Já Tina Cardoso, representante do “City Council” (Conselho Municipal da Cidade de Brockton), entende que, caso Biden seja eleito, haverá “um renascimento de esperanças” no seio dos imigrantes – cabo-verdianos e não só.
“A comunidade cabo-verdiana deve estar melhor informada, mais engajada e envolvida na vida política e comunitária, de modo a definir uma plataforma unificada contra as desigualdades existentes, defende Cardoso.
“Ajuda financeira chegou num momento crucial”
Djanine Freire é bancária e mora na cidade de Brockton.“Eu acredito que a maioria dos cabo-verdianos votou nos republicanos, embora o aspecto económico tenha um grande impacto nas escolhas e decisões políticas da comunidade”, considera.
No entendimento de Freire, os patrícios, regra geral, “não observam o desempenho geral” da pesidência de Donald Trump, mas “avaliam a ajuda financeira que receberam” do Governo, especialmente, os mil e 200 dólares enviados à “maioria das famílias de baixa renda, como parte do estímulo económico.
E justifica: “A ajuda financeira chegou num momento crucial que os nossos conterrâneos estavam atravessando durante a pandemia. A maioria das famílias não estava à espera desta ajuda, que acabou por ajudá-las num momento crucial das suas vidas, e ao mesmo tempo também elas, as famílias, por sua vez, ajudaram muito dos seus familiares em Cabo Verde.
“Trump tem sido muito hostil aos imigrantes”
Dana Ribeiro, cabo-verdiana de terceira geração, moradora e ex-vereadora de New Bedford, espera e acredita, também, que a chapa Biden/Harris será a vencedora.
“A maioria de nós, cabo-verdianos, tende a votar no Partido Democrata, em bloco, pelos seguintes motivos: por ser uma comunidade de imigrantes; e por Trump ter sido muito hostil à comunidade de imigrantes”, justifica, realçando que “a hostilididade” de Trump “é algo que preocupa muito a nossa comunidade”.
Além disso – prossegue Dana – , a comunidade cabo-verdiana “respeita, até hoje, o legado de Obama como um Presidente”, que, “infelizmente, Trump” fez “todo o possível para se desfazer dele”.
Dana Ribeiro destaca a “consciência política” dos patrícios, especialmente, das mulheres. “O Gabinete do Presidente Trump tem sido muito hostil aos imigrantes, principalmente, em relação às mulheres e dos seus direitos de escolha”, salienta.
Esperança e motivação
Residente em Boston, Flávio Barros espera que Biden saia vencedor.
“A maioria da comunidade cabo-verdiana apoia o Partido Democrata e Joe Biden. Aqueles que não entendem, realmente, como funciona a política e a situação em que se encontram os EUA, tendem a apoiar o presidente Trump”, aponta.
Raquel Sousa Antunes reside em New Bedford, mais concretamente, em Massachusetts, e preside a Associação Cabo-Verdiana de New Bedford. Como diz, a expectativa é boa.
“No meio da nossa comunidade, vi, desta vez, mais motivação e corrida às urnas. Podia ser até melhor. Mas, levando em conta que muitos deixam para o último dia e outros tantos já não acreditam na política, houve uma razoável e aceitável participação”, avalia.
Sousa Antunes entende que “a luta e a ansiedade pela melhoria de vida dos imigrantes” serviram de estímulo neste pleito. “Tirar Trump do Governo foi a esperança e a motivação par muitos cabo-verdianos irem às urnas”, conclui Raquel Antunes.
Biden/Harris à frente
Tudo indica que “há fortes possibilidades” de a dupla Joe Biden/Kamala Harris ser eleita, respectivamente, Presidente e vice-Presidente dos Estados Unidos da América (EUA).
No momento do fecho desta edição – noite de quarta-feira, 4 -, o antigo vice-Presidente de Barack Obama, estava a liderar em Arizona; Wisconsin; Nevada; Maine; e prestes a ganhar a liderança no Estado de Michigan (que conta 16 votos eleitorais).
Com a soma de 248 votos eleitorais ganhos (no começo da noite do dia 4), a expectativa de Biden e seus apoiantes, é ganhar mais 22 votos eleitorais, totalizando os necessários 270 votos para ganhar a Eleição Presidencial nos EUA. Matematicamente falando, e salvo alguma reviravolta, Biden “está com mais chances de ganhar” as Presidenciais.
O Presidente cessante – e candidato à sua própria sucessão – , Donald Trump, acumulava – até ao princípio da noite de quarta-feira -, 214 votos eleitorais, com a possibilidade de adiccionar Pensilvânia (20 votos eleitorais); Carolina do Norte (15); e Geórgia (16 votos eleitorais).
Ainda pendente estão, também, os resultados do estado de Pensilvânia, Carolina do Norte e Geórgia. Contudo, Biden sairá vencedor, mesmo perdendo na Pensilvânia, Carolina do Norte e Geórgia. Aliás, neste momento, aguarda-se que Trump avance para uma batalha jurídica no sentido de contestar os votos por correio, alegando fraude eleitoral.
(Publicado no Semanário A NAÇÃO, edição 688, de 5 de Novembro de 2020 )