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Covid-19

Brasil: Especialistas não acreditam em “imunidade de rebanho” 

Profissionais fazem críticas e lamentam decisão da Prefeitura do Rio de Janeiro – no Brasil – de liberar até pista de dança no chamado “período conservador”.

A afirmação do prefeito Marcelo Crivella de que o Município do Rio de Janeiro pode ter adquirido a chamada “imunidade de rebanho”, foi contestada por especialistas brasileiros.

“Aquela determinação do Conselho Científico do início da Pandemia, de manter abertas as actividades essenciais, acabou nos dando uma imunidade de rebanho. Não há outra explicação para a consistente queda dos números”, sustenta o prefeito Crivella — citado por oglobo.globo.com.

A pneumologista da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, Patrícia Canto, explica que não há dados disponíveis que corroborem a tese de Crivella.

“No Rio, não temos um inquérito sorológico que justifique tal afirmação. Seria preciso fazer uma avaliação real de testagem da maior parte da população, para constatar se já existe positividade de uma parcela significativa. Sem esses dados, não temos como avaliar se houve imunidade de rebanho. Mas não me parece que seja o caso do Rio”, avalia Canto.

Por sua vez, o  sanitarista e professor da UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro -, Mario Roberto Dal Poz, classifica como “leviana” a declaração de Crivella sobre a imunidade da população.

“A afirmação está completamente fora de esquadro. Sinto falta de uma mensagem de promoção da Saúde Pública clara e transparente, por parte da Prefeitura. Em vez disso, o que vimos é a validação de actividades que, por falta de controlo, já estavam liberadas na prática”, manifesta Dal Poz.

Integrante do Comité  Científico da Prefeitura, o médico Flávio Sá Ribeiro reconhece que não é possível comprovar “a imunidade de rebanho” na Cidade, mas defende a posição do prefeito.

“Embora seja difícil de provar, a imunidade de rebanho pode ser colocada como uma possibilidade. Sabemos que nas comunidades o distanciamento social não foi respeitado, e também não houve paralisação das indústrias e do comércio essencial. Esses factores podem ter ajudado o Rio a adquirir a imunidade”, argumenta Sá Ribeiro.

Para a pneumologista da Fiocruz, Margareth Dalcolmo, a Prefeitura liberou actividade sobre as quais já havia perdido o controlo de fiscalização.

“Na verdade, essas medidas são completamente artificiais, uma vez que a Prefeitura jamais conseguiu ter a fiscalização adequada, quando havia orientação de que as praias não fossem frequentadas. Temos visto as praias cheias, sem nenhum tipo de fiscalização. Da mesma maneira, ocorre com a liberação de bares e festas que em comunidades de grande densidade jamais deixaram de ser realizadas”, destaca Dalcolmo.

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