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Medicina: Descobridores do vírus da Hepatite C ganham Nobel de 2020

Harvey Alter, Michael Houghton e Charles Rice conseguiram, respectivamente, identificar a doença, isolar o micróbio e relacioná-lo à enfermidade.

 

 

O Prémio Nobel de Medicina e Fisiologia de 2020 foi concedido a Harvey Alter, Michael Houghton e Charles Rice pela descoberta do vírus da Hepatite C.

O trabalho que mais tarde levou ao isolamento do vírus – escreve o portal oglobo.globo.com -, começou com o americano Alter, em 1972, que na época trabalhava nos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA – Estados Unidos da América  (NIH, na sigla em inglês). O pesquisador trabalhou na triagem de pacientes para identificar vítimas do vírus da Hepatite B, recém-descoberto.

Trabalhando com identificação de potenciais vítimas desse outro vírus em triagem num Banco de Sangue, ele demonstrou que uma parte considerável dos pacientes que adquiriam problemas no fígado após transfusões pareciam ser vítimas de um outro patógeno, desconhecido até então.

Mais tarde, o britânico Houghton, que trabalhava na empresa farmacêutica Chiron, conseguiu clonar fragmentos do RNA do vírus da Hepatite C a partir do sangue de um chimpanzé infectado. Combinando o material com anti-corpos de pacientes humanos infectados, o pesquisador mostrou que a doença estava ligada a um retrovírus específico, em 1989.

Faltava ainda, porém, provar que era esse vírus que estava causando a doença. Em 1997, Rice, da Universidade Washington de St. Louis (EUA), conseguiu provocar a enfermidade em chimpanzés, usando apenas um patógeno artificial reconstruído, a partir do RNA do vírus da Hepatite C, mostrando que ele era o culpado pela deterioração crónica do fígado dos pacientes a partir do qual fora isolado.

Thomas Perlmann, secretário-geral do Comité do Nobel, justificou, na segunda-feira, 5,  a concessão do Prémio aos três pesquisadores, dizendo que o vírus afecta milhões de pessoas.

O trabalho dos três cientistas levou ao estabelecimento de testes diagnósticos que permitem a implementação de medidas preventivas e, mais recentemente, a terapias efectivas contra o vírus.

Cada um dos ganhadores do Nobel deste ano receberá uma parcela do Prémio de dez milhões de coroas suecas (1,1 milhão de dólares norte-americanos), dividido em três partes iguais.

Nenhum dos três pesquisadores permanece na instituição em que estava quando fez a descoberta premiada.

Rice, de 68 anos, está hoje na Universidade Rockefeller, de Nova Iorque. Houghton está na Universidade de Alberta, no Canadá. Alter, hoje com 85 anos, permaneceu no NIH, até se aposentar.

O Nobel de Medicina deste ano excluiu da lista um quarto possível vencedor, Michael Sofia, um dos inventores do “Sofosbuvir”, a droga mais eficaz para tratar a Hepatite C, actualmente.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula em quase 70 milhões o número de infecções por Hepatite C, que provoca 400 mil mortes por ano.

A sequência dos Nobel de 2020 continua ao longo desta semana.

O Prémio de Física é anunciado nesta terça-feira, 6; seguindo-se o de Química, na quarta, 7; e, na quinta-feira, 8, o de Literatura e Paz.

No fim de semana há uma pausa, e, na próxima segunda-feira, 12 de Outubro, serão anunciados os vencedores em Economia.

O ritual de anúncio dos prêmios teve algumas alterações neste ano, por causa da Pandemia da COVID-19.

O tradicional banquete, realizado em Dezembro, para a entrega formal dos prémios, foi cancelado. As medalhas e diplomas serão enviados a cada um em sua casa e haverá um evento por video-conferência no lugar da cerimónia.

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