O PAICV quer conhecer as razões que impedem a TACV/Cabo Verde Airlines (CVA) de retomar os voos mesmo depois de o Governo ter anunciado a abertura do corredor aéreo com a Europa.
Para o efeito, exige a quebra de silêncio por parte do primeiro-ministro e do Governo, no sentido de comunicar ao país sobre a real situação da transportadora cabo-verdiana.
O secretário-geral do PAICV, Julião Varela, interpelou o Governo, em conferência de imprensa, sobre as medidas adotadas para implementar as promessas de campanha visando, construir um “Sistema de Transportes integrado, competitivo e seguro, com relevante contribuição para a riqueza nacional, a balança de pagamentos, emprego e mobilidade nacional e internacional”.
Julião Varela considera que “tudo falhou” em relação à política dos transportes, por entender que o “tão falado” hub-áereo “apenas serviu para transportar cidadãos de outros países em rotas internacionais, nomeadamente, entre Europa e Brasil, a metade do preço praticado pela TAP na mesma rota”.
“Este erro levou a companhia a acumular prejuízos superiores a três milhões de contos e o Governo foi obrigado a autorizar o tesouro a pagar as contas correntes da empresa à custa dos impostos dos cabo-verdianos”, enfatizou.
Este dirigente do maior partido da oposição diz ainda que a “aventura africana” TACV/CVA, “promovida pelo Governo do MpD”, custou ao país mais de dois milhões de contos de prejuízo e que “aventura sul-americana” custou mais de três milhões de contos.
“Porquê usar os impostos dos cidadãos cabo-verdianos para pagar decisões do mercado, que geram passivos tão elevados, que não nos servem, e não usar os mesmos impostos para financiar medidas político-administrativas que servem a economia nacional e aos cidadãos?”, interroga.
Para o PAICV, a retirada dos voos internacionais da Praia, do Mindelo e da Boa Vista, “provocou o aumento do preço dos bilhetes de passagem, com graves prejuízos para os cabo-verdianos, particularmente para as empresas”.
Julião Varela falou ainda do mercado doméstico que considera ter sido entregue em monopólio, “sem contrato e apenas com um memorando de entendimento cujas folhas o vento deve ter levado, não tendo os cabo-verdianos nenhuma informação sobre os 30% do capital social na empresa que deveria pertencer aos cabo-verdianos em compensação pela entrega da rota doméstica”.
Outro aspecto destacado pelo secretário-geral do PAICV tem a ver com a concessão de avales e garantias em “avultados montantes” – mais três milhões de contos – que “agora representam para o erário público o drástico aumento da dívida pública em torno dos 150% do produto interno bruto (PIB), realça Julião Varela que considera que. “dar avales a uma empresa com zero aviões e sem nenhum patrimônio é a todos os títulos, uma grande irresponsabilidade”.
O PAICV defende que defende que é obrigação de serviço público ligar os principais aeroportos/cidades do país com as principais capitais europeias e do mundo, ligar com os países e cidades de maior concentração da emigração cabo-verdiana sobretudo com os países da CPLP.