Por: Alex Semedo
1– Lições inapreendidas
Dói.
No fundo da alma.
Mas…é a pura verdade.
Quase 180 dias passados – desde aquele aziago dia 19 de Março de 2020! –, que, nós, os cabo-verdianos, vivemos condicionados, agrilhoados e sob as ordens, caprichos e batuta deste desconhecido, oportunista, invísivel, “prindante”, desapiedado – mas… “democrata” também, pois, não escolhe a quem atacar! -, entre outros mimos e mais que tais adjectivos de que é “baptizado” o novo Coronavírus, eis que, infelizmente, ainda, não aprendemos nem apreendemos a lição.
Não “aprendemos”, sim…governantes e governados!
Milhentas vezes, noutras paragens desta nossa Aldeia Global já se disse se redisse, que a prioridade na luta contra o novo Coronavírus deve ser a antecipação e a prevenção. Pena é que, nestas Ilhas Plantadas no Meio do Atântico, tem-se teimado e agido em reacção e…não com antecipadas e curiais acções.
Por ora, desconhecemos as verdadeiras razões.
Se não, teimosia.
Aliás, é basta ouvir, ver, ler e reler os discursos, orações e prédicas dos mais que muitos dirigentes, para chegarmos a essas teimosas conclusões.
“Estamos a perseguir o vírus!” – esta frase já virou (quase) enfadonha, se não, lugar-comum.
Qual perseguir…qual quê!!!
A antecipação e a prevenção devem ser o melhor caminho.
A saída.
Até os “treinadores de bancada” – de quaisquer modalidades! -, apregoam, esbracejam e atiram nos recintos desportivos: “Ataca!!! Ataca!!! Atacaaaaaa!!!!”.
E têm uma carrada de razão: “a melhor defesa é o ataque”.
E nessas coisas de luta contra COVID-19, a estratégia e a táctica, também, não deviam – nem devem, já se entendeu isso, de há muito, noutras paragens! – ser diferentes.
Ainda vamos a tempo.
Sem botar a toalha ao chão – isso jamais! -, deve-se “esquecer” de “perseguir” o tal maldito e invisível virus e…antecipá-lo, apostando todas as cartas na prevenção.
Em assim agindo – todos nós, governantes e governados, sejam eles: ricos, pobres, remediados e deserdados desta sorte madrasta! -, certeza-certa que COVID-19 será dobrada e…vencida mesmo!!!
Vamos à obra!!!
2– Triste marco
Para o bem.
E para o mal.
O 19 de Março, Dia do Pai, deste ano de 2020, foi “atípico”.
Como já virou moda e “bonito” dizer-se.
Foi logo a 19 de Março – uma quinta-feira! -, que todo o Arquipélago – e o Mundo também”! –, foram notificados do primeiro caso de COVID-19.
O paciente? Um turista inglês, de 62 anos, que estava na Ilha da Boa Vista.
Tinha chegado ao País, dez dias antes.
“Infelizmente, recebemos hoje, pelas 22H30 (locais), o resultado do primeiro caso positivo do teste de COVID-19”, lia-se num Comunicado, “canetiado” pelo ministro da Saúde e da Seguraça Social, Arlindo do Rosário, divulgado já na madrugada de 20 de Março – uma sexta-feira!
Do Rosário garantia que “o paciente encontra-se, à hora deste Comunicado, clinicamente estável e a receber todos os cuidados necessários, para evitar novos contágios e promover a sua total recuperação”.
Que, infelizmente, não aconteceu.
Nessa data, já haviam outros cinco casos suspeitos, designadamente, nas ilhas de Santiago, Sal e Santo Antão, que “deram resultado negativo”.
No lote de medidas tomadas, a partir de então, pelo Executivo do Palácio da Várzea da Companhia, figuravam, entre várias outras, a proibição, a partir de 19 de Março e, pelo menos, até 9 de Abril, ligações aéreas provenientes de 26 países, incluindo Portugal e Brasil.
Depois disso, é o que se sabe: declaração do primeiro Estado de Emergência em Cabo Verde – nos seus (na altura, quase 45 anos de Independência!) -, seguidas de Situação de Calamidade, de permeio com outras medidas de “mitigação” da Pandemia Global.
Que ainda vigoram – Situação de Calamidade! –, nas ilhas de Santiago, Fogo e Sal.
De 19 de Março até quarta-feira, 16 de Setembro, Cabo Verde encaixa 499 casos activos; quatro mil 430 casos recuperados; 47 mortes; e dois transferidos; somando um total de quatro mil 978 casos positivos acumulados.
Face a este panorama, todos nós – mas todos mesmo! -, temos de encontrar a melhor forma, engenho e artimanhade brecar COVID-19.
E uma delas, como já se disse, anteriormente, é jogar forte na antecipação e na prevenção.
Que, aliás, estão ao nosso alcance.
E não custam muito cifrão.
3– Activos, sim; acumulados, não!
A tese é do director Nacional da Saúde, Artur Correia.
Satisfaz-lhe que se reportam “a casos activos” e, talvez, a “recuperados”, mas, jamais
a “acumulados”.
Principalmente, dos “acumulados”, que “são coisas do passado”.
E sustenta: “Eu falo sempre dos activos, que temos de gerir. Os outros já tiveram alta, já deixaram de estar doentes e deixaram de transmitir. Temos 500 a 600 doentes que temos de gerir e evitar que transmitam a outras pessoas. Os acumulados fazem parte do passado, não fazem parte do presente”, remarcando que “os acumulados não servem para controlar a Epidemia”,.
Na receita de Correia, a abordagem deve ser feita pelo “número de pacientes activos e dos que já tiveram alta”, em ordem a se poder ficar mais cientes.
“O resto é alarmar as pessoas, desnecessariamente”, salienta.
Opinião é opinião e, na mais das vezes, as discussões destrazem luzes.
De todo o modo, fica o registo.
Para quem quer pegar no fio do pavio.
E não se queimar.
4– Factor crítico…
Comportamentos seguros devem sobrepôr aos de risco.
E inadequados.
Traduzido por miúdos: que perigam a Saúde Pública. Principalmente, nestes tempos covídicos.
E Cabo Verde não foge à regra.
“O factor crítico é o comportamento da população. Não havendo um comportamento populacional à altura, jamais vai descer. Por mais que as autoridades corram atrás, aumentam o diagnóstico, se não houver comportamentos adequados por parte da população, e toda a gente já sabe o que é que deve fazer, a diminuição não acontecerá”, reiterou o director Nacional da Saúde (DNS), segunda-feira, 14, no já tradicional Encontro com a Imprensa, na Cidade da Praia.
Correia, sem papas na língua, não esconde “a faca ao ‘bodeco’”.
“A tendência é para o País ter, cada vez mais, maior desconfinamento, entendendo que a redução das restrições deve ser emparelhada com bons comportamentos das pessoas, como evitar contactos próximos e aglomerações de pessoas e usar máscaras”, destaca.
Na avaliação do DNS, caso a população respeitar essas directivas das autoridade, de “certeza absoluta, que os números vão baixar”.
Os pacientes em quarentena ou em isolamento domiciliar, também, estão nas preocupações do DNS.
Correia pede-lhes o escrupuloso cumprimento de todas “as recomendações das autoridades sanitárias”.
De contrário – avisa! -, medidas serão tomadas.
E algumas não são moles, não!
Portanto, fica o aviso à navegação.
Aliás, aos eventuais prevaricadores.
5– Travagem…
Israel não está para brincadeiras.
Se a moda pega…
Para brecar COVID-19, o Governo de Benjamim Netayau já decretou “um confinamento total, de três semanas”.
Para driblar a segunda vaga do novo Coronavírus, que, infelizmente, na semana finda, alcançou os patamares mais elevados da mortalidade nesta nossa Aldeia Global.
A medida estipula, entre outras, que não se pode ir, além dos 500 metros do domicílio; as aglomerações devem ser de, no máximo, dez almas; e as lojas “não-essenciais” devem ser fechadas.
O “confinamento total” vai até de 9 Outubro.
O curioso nisto tudo, é que, a 9 de Outubro, celebram-se, coincidentemente, três festas religiosas muito importantes para o Judaísmo, a saber: O “Rosh Hashaná” (Ano Novo), “Yom Kipur” (Dia do Perdão) e o “Sucot” (os Tabernáculos).
Tomara que os deuses e as divindades nos acudam.
Sejam Eles dos Judeus, Cristãos, Muçulmanos e os outros…em que cada um acredita.
A nível planetário.
Pelos séculos dos séculos…
(Publicado na edição semanal do A NAÇÃO nº 681, de 17 de Setembro de 2020)