Os autarcas de São Filipe e de Santa Catarina, Luís Pires e João Aqueleu Barbosa Amado, respectivamente, afirmaram, sábado, durante um encontro com jornalistas “que existe um défice grande de autoridade” a nível da ilha do Fogo.
Os dois autarcas, que participaram no acto central do Dia Mundial da População, assinalado a 11 de Julho e pela primeira vez na ilha do Fogo, já que o lema deste ano era sobre “as populações vulneráveis em situação de urgência”, foram confrontados com algumas situações em relação aos deslocados de Chã das Caldeiras e do futuro da localidade.
O edil de Santa Catarina, João Aqueleu Barbosa Amado, disse que “há uma falta de autoridade e que a sua Câmara está de mãos atadas e sem poder para repor a situação em Chã das Caldeiras”, mostrando-se assim preocupado com a proliferação de construções sem qualquer plano ou licenciamento.
“A falta de autoridade é de cima e não das Câmaras Municipais”, disse o edil de Santa Catarina, tendo o seu homologo de São Filipe, Luís Pires, rematado que “há défice de autoridade e de boa articulação”, indicando que Chã das Caldeiras tem apenas uma porta de entrada e saída e podia-se fazer o controlo das construções e da entrada dos materiais.
Se em relação a falta ou défice de autoridade os dois presidentes estão de acordo, quanto à localização do novo assentamento para acolher a população de Chã das Caldeiras estão em polos opostos.
João Aqueleu Barbosa Amado defende o local escolhido pela equipa do Instituto Nacional de Gestão de Território (INGT), Achada Furna, por dispor de algumas infra-estruturas, já Luís Pires continua a defender a construção do aldeamento nas proximidades de Montinho de Monte Velha onde o Estado dispõe de “uma boa parcela de terreno fértil” e que poderá ser usada para o desenvolvimento de agricultura, nomeadamente da vinha.
Luís Pires prognostica que, à semelhança de 1995, se o assentamento for mesmo em Achada Furna, que 90 por cento (%) das famílias de Chã, essas vão regressar porque é neste local que dispõem de recursos para a sua sobrevivência.
Sobre a permanência de uma família ainda em tenda, o atraso na reabilitação das casas construídas em 1995, cujo contrato foi celebrado a 30 de Abril com duas empresas de construção civil, a existência de famílias numerosas num mesmo espaço, caso de Monte Grande em que 18 pessoas compartilham o mesmo compartimento, e outras questões colocadas, os dois autarcas preferiram não entrar em grandes comentários remetendo os jornalistas para o presidente do Gabinete de Reconstrução do Fogo (GRF).
Os jornalistas da Rede de Jornalistas para Questão da População e Saúde (REJOP), na qualidade de parceira do Sistema das Nações Unidas em Cabo Verde, organizaram uma série de actividades na ilha para assinalar o Dia Mundial da População, tendo estabelecido contacto directo com as famílias deslocadas e visitar a localidade de Chã das Caldeiras, para além de outras actividades.
Fonte: Inforpress
Erupção Vulcânica: Há um défice grande de autoridade na ilha – autarcas
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