Abidjan ultima os preparativos para as festividades do 50º aniversário do Banco Africano de Desenvolvimento (DAB), cuja assembleia-geral anual, de 25 a 29, deverá eleger o novo presidente, cargo a que concorre a ministra cabo-verdiana das Finanças.
Cristina Duarte, que deverá chegar na madrugada deste domingo a Abidjan, vai testemunhar os retoques finais para o jubileu, que coincide com o regresso da instituição à sua sede permanente, depois de mais de dez anos de relocalização em Tunes (Tunísia), devido a conflitos armados que tiveram lugar na Costa do Marfim.
Para a organização, este facto também empresta mais brilho às festividades dos 50 anos de existência do BAD, que promete aproveitar este momento para lançar o olhar sobre um percurso de cinco décadas e perspectivar o seu futuro rumo a uma África mais próspera e desenvolvida.
“África, a nova paisagem mundial” é o tema escolhido para as assembleias deste ano do Grupo Banco Africano de Desenvolvimento, ou seja, 50ª reunião anual do BAD e 41ª assembleia anual do Fundo Africano de Desenvolvimento (FAD), sendo a eleição do novo presidente da organização o ponto alto dos encontros de Abidjan.
Segundo a revista Financial Afrik, na sua edição mensal de Maio’2015, a ministra cabo-verdiana das Finanças e do Planeamento encontra-se entre os quatro favoritos num total de oito concorrentes à presidência do maior banco do continente.
O mensário ombreia a governante cabo-verdiana com Birama Boubacar Sidibé, vice-presidente (Mali), o tunisino Jalloul Ayed, presidente da Confederação MED, e o ministro das Finanças do Chade, Bedoumra Kordje, entre os lugares cimeiros.
Os restantes candidatos são Akinwumi Adesina, ministro da Agricultura e do Desenvolvimento Rural da Nigéria, Samura Kamara, ministro dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação Internacional da Serra Leoa, Thomas Sakala, do Zimbabwe e que é antigo vice-presidente do BAD para os programas nacionais e regionais, e Sufian Ahmed, ministro das Finanças e do Desenvolvimento Económico da Etiópia.
Na sua plataforma apresentada em várias ocasiões e entrevistas em diversos países, nos últimos meses, Cristina Duarte defendeu que o Banco Africano de Desenvolvimento terá de empreender algumas reformas, para se tornar uma organização “mais eficiente, produtiva e organizada”.
Para isso, propõe que o BAD adopte “uma abordagem mais selectiva e focada e assente numa gestão que se baseia em resultados e apoiada por um forte sistema de monitorização e avaliação”.
“Penso que é tempo de o BAD começar a medir os seus impactos e não os seus volumes de empréstimos ou os processos de aprovação”, advogou a candidata, cuja visão é por uma transformação estrutural da África a ser garantida com boa governação, de forma incondicional, e um bom ambiente de negócios.
Optimista mas também realista, a ministra disse ter consciência do grande desafio que é vencer a corrida à presidência do BAD, que consiste, antes de tudo, numa luta considerada acirrada entre os 78 países-membros da organização, dos quais 53 africanos, em virtude da componente política “extremamente forte” desse processo.
Lembrou, contudo, que todos os interlocutores, africanos e não africanos, com quem esteve durante a candidatura, disseram que o programa que Cabo Verde apresentou para o BAD está “bem estruturado e vai ao encontro das necessidades que a organização neste momento tem”.
O sucessor do economista Donald Kaberuka, eleito em 2010, com 78% dos votos, deverá ser conhecido a 28 de Maio, após cinco rondas de votação, sendo as primeiras três consideradas muito decisivas de modo a aumentar a probabilidade de vitória do próximo patrão do BAD.
O acordo de criação do BAD foi assinado a 04 de Agosto de 1963, em Khartoum (Sudão), pelos ministros das Finanças de 23 Estados africanos então tornados independentes, mas o Banco conheceu a luz do dia a 10 de Setembro de 1964, com 10 funcionários e um capital de apenas 250 milhões de dólares.
Em Novembro desse ano, realizou a sua primeira reunião do Conselho de Governadores em Lagos, na Nigéria, quatro anos após a independência da maioria dos países fundadores, sendo, ainda hoje, uma instituição empenhada em acompanhar a dinâmica de crescimento do continente.
Fonte: Inforpress
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