Na sequência da posição do presidente da Associação dos Jornalistas de Cabo Verde (AJOC) sobre os Estatutos da RTC, o ministro da Cultura e Indústrias Criativas, Abraão Vicente, acusa Carlos Santos de “desonestidade intelectual” e “tentativa de golpe de Estado”.
O mesmo diz que o jornalista faz uso do órgão que representa a comunicação social para emitir opiniões pessoais e vincula estas opiniões à posição do PAICV sobre a matéria.
Na sua página oficial, a AJOC mostrou-se contra a indicação de um representante da Associação Nacional dos Municípios de Cabo Verde (ANMCV) no Conselho Independente da RTC, órgão que passou a escolher, à luz dos novos estatutos da empresa, os elementos que integram o Conselho Administrativo da mesma.
Segundo a representação sindical, a presença da ANMCV no Conselho Independente (CI) da RTC “deita por terra a intenção manifestada pelo Governo de pôr fim à politização da maior empresa de comunicação social do país”, bem como a de desgovernamentar da Radiotelevisão Cabo-verdiana.
Com a manutenção da ANMCV na composição do Conselho Independente, diz a AJOC, o Estado ficou com 3 elementos contra os restantes dois, sendo que um representa a Plataforma das ONG e o outro elemento é eleito pelos trabalhadores da empresa. Isso, defende, condiciona quaisquer escolhas futuras em matéria de gestão da RTC.
Para a AJOC, em vez da ANMCV quem devia integrar o Conselho Independente era a Associação Nacional para a Defesa dos Consumidores (ADECO).
Quanto às acusações do ministro, Carlos Santos diz que são “absolutamente patéticas” e que as coisas estariam, afinal, invertidas.
“Afinal, o golpista é alguém que alerta e denuncia o enviesamento das regras do jogo na composição do Conselho Independente ou o verdadeiro mentor do golpe de estado é quem, deliberadamente, armadilha o CI de forma a manter invisível a mão do Governo na gestão da RTC”, questiona.
Ministro rebate
Na sua página do facebook, Abraão Vicente voltou a rebater o jornalista, alegando que os motivos por trás da sua posição são, por um lado, não ter sido indigitado para integrar o Conselho Independente da RTC e nem escolhido pelo mesmo órgão para fazer parte do Conselho Administrativo.
“Move-lhe o poder e o acesso ao poder na administração da RTC, não o interesse ou a defesa da classe que diz representar”, atira.
Para o ministro, a AJOC, como associação que representa toda a classe dos jornalistas, não deve estar “refém das opiniões” pessoais do seu presidente.
Quanto aos novos estatutos da RTC, o mesmo garante que foram “aprovados seguindo todas as normas constitucionais, estão a ser implementadas com a maior transparência possível”.
NA
