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Política

Regionalização: Movimento Sokols pede ao Governo para absorver propostas da UCID PAICV e sociedade civil

O Movimento Sokols exortou hoje o MpD (poder) e o Governo para absorverem as propostas da oposição (PAICV e a UCID) e da sociedade para que a regionalização “não sirva apenas para dar cargos a comissários políticos”.

Em entrevista a Inforpress, o presidente do Movimento Sokols, Salvador Mascarenhas, disse que agora que o diploma foi aprovado no parlamento as partes devem sentarem-se à mesa e discutir as contribuições para que se possa ter, efectivamente, uma regionalização política em Cabo Verde.

“Se for aprovado como o projecto inicial do MpD tal como está, se não houver abertura para alterar isso, e se não houver outras contribuições como da sociedade civil, o que vai acontecer é que vamos ter uma estrutura supra-municipal mais pesada, mais burocrática e que não descentraliza nada”, advertiu Mascarenhas, simplesmente porque, notou, “vai arranjar lugares” para os membros dos partidos terem trabalho e “não resolver nada para o país”.

Segundo a mesma fonte, o MpD como partido do poder “tem que ter abertura suficiente para ouvir a sociedade civil” agora com “mais calma”, porque “não houve absorção de propostas”.

Isto porque, considerou, se o diploma passar “tal como está será um embuste” porque não vai resolver os problemas.

“Há muitas propostas, as da UCID são mais parecidas com a nossa, porque propõe a regionalização política e criação de senados, e  o PAICV também tem algumas coisas interessantes nomeadamente a adopção das listas uninominais. Ambas devem constar do diploma final”, observou o líder do Movimento Sokols, defendendo que há uma “grande resistência” em listas uninominais, porque isso acaba por fazer com que os partidos “percam a sua hegemonia”.

Salvador Mascarenhas considerou que a regionalização “deve ser plena e não implementada por fases”, porque se está perante “discrepâncias enorme” entre as regiões, que trazem “situações preocupantes” em todas as ilhas, não apenas em São Vicente.

Como exemplo, citou os casos das regiões designadas de  “ultra-periféricas”, como Brava, Maio e São Nicolau, que estão a viver uma “situação degradante”, onde as pessoas “vivem sem oportunidade e há perda de habitantes”, e de São Vicente onde “há perda de massa crítica”.

Cingindo-se ao caso concreto de São Vicente, Salvador Mascarenhas disse que enquanto a ilha “perde massa crítica”, a vizinha Santo Antão “perde sua população”, que cada vez está a mudar-se para a ilha do Monte Cara a procura de emprego.

Tudo isso, ajuntou, acaba por engrossar o número de pessoas desempregadas na ilha e que moram em bairros de lata por falta de condições. “A situação é verdadeiramente dramática”, concretizou.

Mas também a cidade da Praia está a sofrer com este êxodo, constatou Salvador Mascarenhas.

“A cidade da Praia está a aumentar, a transformar-se numa urbe completamente desorganizada e desarmoniosa”, explicou o líder do Sokols, para quem o Governo tem que ter a coragem para inaugurar a III República e fazer história com a regionalização.

No entanto, ressalvou ela deve ser feita de acordo com as especificidades de cada ilha, porque não faz sentido as ilhas com um único município ter um Governo regional e um presidente de câmara.

“O Governo deve ser o órgão promotor da democracia e ele foi eleito para isso, deve promover esta discussão, de forma larga, nas escolas, em toda a parte para receber contributos para este assunto”, declarou, “de todos os cabo-verdianos”, mas “sem partidarismo”, porque os partidos têm importância, mas eles “não podem ser vanguarda” de tudo e vir “impor as suas ideias”.

Por fim, realçou que se o diploma não passar na especialidade “por teimosia” em não absorver as contribuições da sociedade civil e dos partidos da oposição, o Governo e o MpD “serão os culpados”.

“Necessariamente a melhor solução é o Governo absorver as propostas”, sintetizou o líder do Sokols.

Inforpress

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