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Economia

Banco Mundial alerta países da África subsariana para os perigos dos ‘Eurobonds’

“Os grandes pagamentos que começam em 2021, alguns deles numa estrutura de cascata, colocam riscos substanciais em termos de taxas de juro e riscos de refinanciamento para os emissores”, escrevem os analistas do Banco Mundial no relatório ‘O Pulsar de África’, hoje divulgado em Washington.

“Emitir nos mercados internacionais permite aos países diversificar a sua base de investidores e angariar grandes quantidades num curto período de tempo, aumentando, de facto, as baixas taxas de poupança interna”, escrevem os analistas, acrescentando: “No entanto, as emissões de títulos de dívida internacionais colocam riscos nas taxas de juro para os emissores, expondo-os a taxas de juro potencialmente mais alta quando a dívida é ‘rolada'”, ou seja, quando é contraída nova dívida para financiar a antiga.

Entre os perigos, o Banco Mundial identifica as “mudanças no sentimento do mercado, a avaliação de risco e as condições globais de liquidez”, e alerta ainda que “os pagamentos avultados de dívida podem afetar a confiança dos investidores na capacidade do país refinanciar a sua dívida de forma eficaz, e acarreta mais pressão nas taxas de juro”.

Só nos primeiros cinco meses deste ano as emissões de dívida soberana nos mercados internacionais registaram um valor de 14,3 mil milhões de dólares, o que compara com os 7,8 mil milhões emitidos durante todo o ano passado.

Angola, Costa do Marfim, Gana, Quénia, Nigéria e Senegal foram os países que recorreram aos mercados internacionais para financiar as suas economias até maio, sendo que desde então mais nenhuma operação deste género foi feita, num contexto de “deterioração do sentimento do mercado face aos mercados emergentes e às economias de fronteira”.

No relatório sobre a economia da África subsariana, o Banco Mundial diz que um terço destes países tem uma dívida superior a 60% do PIB e que dois em cada cinco têm a dívida classificada como insustentável, entre os quais Moçambique.

Entre os traços comuns das emissões de dívida, o Banco Mundial identifica o aumento dos montantes, o facto de as emissões terem sido feitas num contexto de degradação dos ‘ratings’ (desde 2016, mais de 12 países viram a avaliação de crédito soberano descer) e o facto de os investidores estarem dispostos a comprar mais dívida do que aquela que os países queriam emitir.

Lusa

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