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Cultura

Tabanca de Lém Cabral: Uma tradição que passa de geração a geração

Todos os anos, durante o mês de Junho, centenas de pessoas vão dar à Palha Carga, para “brincar” a Tabanca de Lém Cabral. “As nossas celebrações começam a partir de 13 de Junho, mas, para isso, preparamo-nos durante todo o ano. Já no primeiro domingo do mês de Maio começamos a reunir para juntos definirmos como vai ser o nosso desfile e começar a reunir fundos para que o festejo seja possível”, explica Bernardo Borges.

Os encontros servem também para os ensaios e ensinar os mais pequenos a tocar os instrumentos, nomeadamente, tambores, cornetas, búzios (lobo) e outros. De um modo geral, todos os jovens de Lém Cabral sabem tocar um desses instrumentos, contribuindo para haja “uma ligação quase que umbilical com esta manifestação cultural”. O momento mais alto, garantem os organizadores, são a missa e os desfiles até a casa do Rei, movimentando “multidões”.

Este atractivo turístico é, por alguns dos nossos entrevistados, pouco valorizado e aproveitado pelas autoridades. “O desfile é todo programado com pessoas bem uniformizadas, bailando e cantando nos tons do som da Tabanca. Há também um grupo de mulheres que vão atrás, com o batuque até a casa do Rei. O regresso é motivo de celebrações maiores já que aumenta o número das pessoas e a propagação da alegria através do som dos cantos”, realçam.

Mais apoio das autoridades

Mas nem tudo corre às mil maravilhas, deixam a entender os nossos interlocutores. Conforme dizem, só é possível manter a tabanca porque todos os moradores, com apoio de emigrantes, se juntam para custear as despesas.

“Seria bom poder contar com o apoio da Câmara Municipal e do Ministério da Cultura. Se bem que, no ano passado, o Ministério da Cultura ajudou a nossa Tabanca, mas isso não é o suficiente”, diz Bernardo Borges. “As câmaras gastam milhares de contos em festivais de música que promovem o alcoolismo e outros males, mas não tiram mil contos para promover um festival de Tabanca”.

Ritual

A Tabanca de Lém Cabral tem uma ligação directa com as celebrações das Festas de Santo António. Antes da chegada do “grande dia”, faz-se uma noite de “Ladainha” em sua memória. Há dois anos construiu-se uma capela para a celebração da missa de Santo António, no dia 13, culminando assim com a saída do grupo para a casa do Rei e da Rainha.

“A missa acolhe pessoas de Palha Carga, os vizinhos da Ribeira dos Engenhos, Chão de Tanque, Rincão, assim como pessoas de outras localidades, curiosos e turistas. Depois temos um almoço de confraternização com todos os presentes. Já nos dias 14, 15, 16 e por ai diante, vamos para a casa do Rei, Rainha e os Reis da oferta, com desfiles, cânticos e toda a alegria”, expressa Bernardo Borges.

A organização conta que o último dia serve para a “arrematação”. Isto é, recolhem-se todos os produtos ofertados durante as celebrações (cana, mandioca, banana entre outros), para um leilão, que serve para recolher fundos para o festejo do ano seguinte.

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