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Economia

Queda no sector do Turismo: The Economist prevê um 2016 “pouco auspicioso” para Cabo Verde

A estagnação das entradas de turistas, no primeiro trimestre de 2015, leva a publicação inglesa The Economist a antever um ano de 2016 “pouco auspicioso” para Cabo Verde, neste importante sector de actividade. O Outlook para 2015-16 acentua o factor eleições como o mais marcante da visão daquela instituição para Cabo Verde.
O sector do turismo gerou, em 2014, o equivalente a 20,97 por cento (%) do Produto Interno Bruto (PIB), ligeiramente abaixo dos 21,9% em 2013, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).
É este ponto das Contas Satélite do Turismo (CST) que leva The Economist a antever um ano de 2016 “pouco auspicioso” para Cabo Verde no sector do turismo.
Segundo essa publicação especializada em matéria económica, as CST, publicadas em Setembro pelo INE, revelam mais informações sobre o abrandamento do sector do turismo em 2014. Mostram que o PIB do sector caiu 2,45% no ano de maior queda no número de chegadas (2,3%) e estadias em hotéis (0,6%).
“As autoridades aumentaram o valor agregado taxa de imposto (IVA) sobre os serviços de turismo para 15% em 2014, de 6% anteriormente, num esforço para aumentar a receita fiscal”, avança a publicação, para quem o aumento de impostos teve o efeito oposto, com “deprimentes” chegadas de turistas, derivado dos custos “elevados”.
O Outlook considera que esses “custos elevados” terão corroído a competitividade de preços do produto turístico em Cabo Verde. The Economist reconhece, no entanto, que as preocupações com a propagação do ébola no final de 2014 também ajudaram a diminuir os fluxos de turismo para África Ocidental, de uma forma geral, embora Cabo Verde não tivesse sido afetado por essa epidemia.
Economia
Segundo The Economist, a valorização do dólar, face ao escudo, deverá continuar, mas com um impacto pouco relevante sobre as importações, “uma vez que a maior das trocas comerciais de Cabo Verde ocorre com a União Europeia”.
O défice orçamental, em percentagem do PIB, deverá ser da ordem dos 6,6% em 2015, passando para 6,8% em 2016, ano eleitoral.
A inflação permanecerá baixa em 2015, em torno de 0,3%, devido aos baixos preços da energia e dos produtos alimentares globais, antes de subir para 1,3% em 2016, em virtude do previsto aumento da procura interna, induzido pelo impacto na procura de política monetária mais frouxa.
Volatilidade económica na União Europeia, o principal parceiro de Cabo Verde, vai pesar sobre as ajudas directas, os fluxos de comércio e turismo, empurrando o défice da conta corrente de 7,6% do PIB em 2014 para 8% do PIB em 2016.
Política monetária
A política monetária continuará a ser condicionada pela necessidade de manter a paridade cambial com o euro. Em Setembro de 2014, o Banco Central Europeu (BCE) cortou sua taxa básica de juros de refinanciamento em 10 pontos base para um novo recorde de baixa de 0,05%, e espera-se que permaneça até 2017.
Em Fevereiro deste ano, o Banco de Cabo Verde (BCV) respondeu, reduzindo a sua principal taxa de política, de 3,75% para 3,5% e de reservas bancárias requisitos de 18% para 15%.
Dadas as perspectivas favoráveis de inflação em Cabo Verde, o BCV também é susceptível de manter a sua política monetária acomodatícia durante todo 2015/16. “No entanto, a política monetária poderia ser apertado no período de previsão se as reservas cambiais estivessem a declinar acentuadamente (a perspectiva de que permanece um pequeno risco)”, escreve o periódico inglês.
Eleições
Assim como no anterior Outlook, para The Economist é “expectável” que o MpD regresse ao poder nas próximas eleições legislativas, depois de 15 anos de oposição. “A vitória do MpD nas eleições municipais realizadas em meados de 2012 forneceu-lhe uma forte base local”, refere o Outlook que considera que o maior partido da oposição “está unido”.
“O MpD parece estar unido em torno do seu líder Ulisses Correia e Silva, presidente da Câmara Municipal da Praia”, considera The Economist, sublinhando que o maior partido da oposição “está a intensificar” as suas críticas em relação à governação do PAICV e às suas políticas que “alega que não conseguem reanimar o crescimento económico ou impulsionar a criação de emprego”.
The Economist diz que o PAICV, que capitalizou a vantagem de ser o partido político mais antigo no país, tem-se defrontado com uma erosão da sua popularidade nos últimos anos. “Está há três mandados de cinco anos no poder e tem lutado com um ambiente económico desafiador, tendo em conta a crise da zona euro de 2012/2013. A sua popularidade está em declínio”, advoga.
Para The Economist, a eleição de Janira Hopffer Almada como nova líder do PAICV pode, porém, trazer um novo alento ao partido, com reflexos nas urnas. “A nova líder introduziu uma nova dinâmica ao PAICV e vai lutar para refrescar a imagem de uma partido enfraquecido. Essa nova dinâmica pode reflectir-se nas urnas”, conclui.
 

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