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Banco Mundial: Igualdade entre géneros permitiria diminuir pobreza em África

Se houvesse mais igualdade entre homens e mulheres haveria menos pobreza em África, defende o vice-presidente para a região do Banco Mundial, Makhtar Diop.
Se houvesse mais igualdade entre homens e mulheres haveria menos pobreza em África, defende o vice-presidente para a região do Banco Mundial (BM), Makhtar Diop, que tem o objetivo como uma das suas prioridades. “A capacitação das mulheres em África poderia ajudar a acabar com a pobreza”, afirmou à agência Lusa o senegalês que desde maio de 2012 ocupa o cargo de vice-presidente para a região do BM, em declarações à Lusa por telefone a partir de Washington.
A União Africana decretou 2015 como o “Ano da Capacitação das Mulheres” e o BM trabalha “de muito perto com as autoridades africanas (…) para estabelecer uma agenda de trabalho na questão do género”, disse. Não existe falta de interesse: “Sempre que falo com governos eles estão muito interessados em fazer alguma coisa”, indicou. Mas, embora existam “muitas ideias, opiniões sobre as questões de género”, os factos são mais raros e as medidas pensadas para combater a desigualdade entre homens e mulheres muitas vezes “não são apoiadas por dados, informação e avaliação rigorosa”, explicou Makhtar Diop.
Para colmatar esta falha, a divisão de África do Banco Mundial criou há dois anos o Africa Gender Innovation Lab (Laboratório de Inovação de Género) para fazer avaliações do impacto de intervenções do BM e dos países a este nível. “Já temos alguma informação interessante sobre o que resulta e o que não resulta em relação a intervenções que tentam reduzir as diferenças de género em termos de rendimento, de acesso a serviços”, disse o responsável.
No Uganda foi constatado que a “diferença de salários entre mulheres e homens se devia largamente ao tipo de atividades que exercem” e no Ruanda percebeu-se ao nível da agricultura que “quando a mulher era dona da terra investia duas vezes mais que o homem”.
Em Moçambique está a decorrer uma avaliação sobre se “homens e mulheres beneficiam de modo diferente de um projeto governamental” no vale do Zambeze (centro), que tenta ligar os pequenos agricultores aos mercados, para melhorar a venda do que produzem. Um segundo estudo em Moçambique avalia o impacto de um programa de atribuição de crédito a mulheres empresárias e a setores onde a maioria dos funcionários são mulheres. “Atualmente temos mais de 40 avaliações de impacto em 20 países da África subsaariana. (…) E queremos alargá-las a mais países”, disse Makhtar Diop.
O vice-presidente para África do BM também pensa que os países deviam apostar no combate à disparidade entre os géneros em termos de educação. “Em geral tem havido uma diminuição da diferença entre rapazes e raparigas na frequência escolar a nível do ensino primário. Cada vez há maior convergência (…), mas a diferença é ainda muito grande ao nível do ensino secundário e, mais importante, há uma maior taxa de abandono das raparigas”, referiu.
Casamentos e gravidezes precoces ou a necessidade de ajudarem em casa “empurram” muitas vezes as raparigas para fora da escola com consequências muito negativas dada a “correlação entre a educação e o nível de rendimento e o padrão intergeracional”, assinalou Makhtar Diop.
A educação das raparigas faz diminuir a probabilidade de terem filhos que morrem antes dos cinco anos e “quando as mulheres não têm educação de nível secundário a probabilidade dos seus filhos também não concluírem a educação secundária é muito maior”, precisou.
A desigualdade entre os dois géneros significa que não estão a ser dadas “oportunidades a muitas mulheres para utilizarem todo o seu potencial e toda a sua capacidade para contribuírem para o desenvolvimento económico”, salientou Makhtar Diop, referindo ainda a importância em termos éticos “de ter toda a gente igual numa sociedade”.
Fonte: Observador

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