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Política

Memorial Amílcar Cabral divide espaço com mercado alternativo

As vendedeiras do Mercado do Platô vão mudar-se em breve para que a Câmara Municipal da Praia (CMP) possa iniciar as obras de melhoramento do espaço de venda de frutas, hortaliças, carnes e peixes. A alternativa, ainda que “temporária”, é a zona contígua ao Memorial Amílcar Cabral e Biblioteca Nacional.
A transferência das vendedeiras do Mercado do Platô para o largo da Biblioteca Nacional, Várzea, em frente ao monumento de Amílcar Cabral, acontece já em Fevereiro. A garantia foi dada ao A NAÇÃO pelo administrador executivo do SEPAMP (Serviço Público de Abastecimento do Município da Praia), José Moreno, que avançou que a mudança, na verdade, deveria ter acontecido desde o dia 10 de Janeiro passado.
“Todas as vendedeiras do Mercado do Platô irão ser transferidas antes do dia das cinzas. Fizemos obras no espaço para acolher a feira anual que se faz nessa época. Entretanto, a obra deveria ser mais alargada por causa das comerciantes, por isso a demora”, explica aquele gestor, que adianta que todas as vendedeiras já foram informadas da mudança.
O melhoramento do Mercado do Platô há muito que vem sendo anunciado. No projecto que a CMP tinha, esse local deveria acolher apenas produtos frescos e da terra, como doces caseiros, verduras, além de produtos artesanais. Mas, segundo José Moreno, isso não será mais possível porquanto o número de pessoas que vendem no mercado é muito grande, pelo que optou-se por uma requalificação, respeitando a arquitetura que é um património, com dois pisos, que irá albergar todos.
A obra está orçada em cerca de 80 mil contos e deverá ser concluída em seis meses, após o seu início, ou seja, entre Agosto e Setembro deste ano.
Entretanto, algumas vozes já começam a levantar-se contra essa mudança, primeiro porque o “mercado temporário” irá ofuscar e “poluir” o memorial Amílcar Cabral, segundo porque trata-se de vendas de alimentos e o local fica mesmo em frente a uma vala fétida e com vazamento de esgoto. A isso junta-se ainda o facto de o “temporário” em Cabo Verde demorar muito mais do que o inicialmente previsto.
INDIGNAÇÃO
A NAÇÃO sabe que membros do Governo e da Associação dos Combatentes da Liberdade e da Pátria (ACOLP) estão indignados com a possibilidade de um mercado, ainda que provisório, ser fincado em frente ao memorial Amílcar Cabral. Contactado por este semanário para saber a posição perante tal informação, o Ministro da Cultura disse: “Você está a dar-me uma notícia”.
Questionado se a “notícia” for confirmada o que fará o seu ministério diante disso, Mário Lúcio Sousa asseverou que na altura devida exprimirá a sua posição.
O vice-presidente da ACOLP, José Luís “Sagui” Vaz, mostrou-se nada satisfeito com a revelação. “Não temos certeza e não fomos comunicados. Mas se isso for verdade não vamos aceitar. A feira de cinzas demora um ou dois dias”, o que para esse combatente é aceitável, e “não afecta” a imagem do local onde está situado o memorial Amílcar Cabral. “Mais do que isso a coisa muda de figura”, avisa.
 

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